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Vereador leva pra casa equipamento de ginástica público e fala em presente

Vinícius Segalla

Do UOL, em São Paulo

06/11/2015 09h00

Um vereador de João Pessoa postou nas redes sociais um vídeo gravado em sua casa mostrando equipamentos de ginástica adquiridos pela prefeitura e dizendo serem estes um "presente" que ele e o prefeito estavam dando aos moradores do bairro em que seriam instalados (o mesmo onde mora o vereador), por ocasião do aniversário da localidade. O vídeo pode ser visto acima. 

O político em questão chama-se Marmuthe Cavalcanti (SD). A ação, segundo disse o vereador ao UOL Esporte (veja entrevista abaixo), visava "capitalizar politicamente a entrega da benfeitoria". 
 
Mas as coisas não saíram como Cavalcanti esperava. O vídeo, gravado no final do mês passado, foi publicado pela imprensa da Paraíba e pegou muito mal. Um colunista do maior jornal do Estado passou a chama-lo de "Vereador Ostentação".
 
Já a prefeitura se desvencilhou do presente de grego. O prefeito Luciano Cartaxo (PSD) tratou de afirmar, em nota emitida na última quinta-feira, que “bens públicos não podem, em momento algum, ter tratamento de caráter privado”, e que a administração municipal nada tinha a ver com a entrega dos equipamentos na casa do parlamentar, já que os aparelhos de ginástica eram propriedade pública, e portanto deveriam ter sido entregues diretamente nas praças onde foram instalados.
 
O vereador Marmuthe Cavalcanti concedeu entrevista ao UOL Esporte na última quinta-feira. Ele deu sua versão sobre as circunstâncias do ocorrido, explicou seus motivos. Acabou por denunciar ainda um suposto esquema de cobrança de propina por parte de órgãos da imprensa estadual, que cobrariam de políticos para não atacar suas reputações. Os principais trechos da conversa podem ser lidos abaixo.
 
UOL Esporte: Por que os aparelhos de ginástica da prefeitura estavam guardados na sua casa?
 
Vereador Marmuthe Cavalcanti (SD): Todo esse caso não é tão mirabolante como setores da imprensa tentaram criar. Eles viram o texto, mas não viram o contexto.
 
UOL Esporte: Os equipamentos públicos realmente estavam na sua casa... 
 
M.C.: Sim. Eu assinei requerimento solicitando que as praças do bairro Valentina recebessem os aparelhos de educação-física. A prefeitura adquiriu os equipamentos, eles chegaram no dia 23 de outubro. Então o pessoal da empresa descarregou tudo, mas daí disseram que o cimento das bases onde eles seriam fixados ainda estava mole.
 
Só que o problema é que os caminhões já tinham ido embora. Daí, eles perguntaram se eu conhecia alguma casa próxima para guardar. Eu disse, "olha, eu moro do lado da praça, vocês se comprometem a vir amanhã? Eu guardo". Então, o que houve foi excesso de boa vontade, minha vontade foi de ajudar. E também um acidente de percurso, com a questão do cimento. 
 
UOL Esporte: Então, já que o equipamento estava na sua casa, o senhor aproveitou para gravar o vídeo e publicar nas redes sociais?
 
M.C.: Exatamente. Porque, no dia seguinte, era aniversário do (bairro) Valentina. O prefeito ia vir, a gente ia inaugurar ali na praça, para "capitalizar"... quer dizer, capitalizar eleitoralmente falando, a entrega da benfeitoria.
 
UOL Esporte: Mas o senhor não explicou nada disso no vídeo, disse que era um presente seu e do prefeito para o bairro, podia parecer que não era um bem público, e sim do senhor... 
 
M.C.: Eu concordo em parte que o vídeo não deveria ter sido como foi, Deveria ter explicado melhor. Se, hoje, eu pudesse não ter colocado o vídeo (nas redes sociais), eu não colocava. 
 
O equipamento veio para as praças por causa de um requerimento que eu fiz. Então, quando eu disse que era presente, não quis dizer que eu estava dando coisa minha para o bairro, mas disse presente porque o aniversário do Valentina era no dia seguinte. Então, quis dizer um presente nosso e da administração para o bairro, no sentido de benfeitoria que se instala na cidade. 
 
UOL Esporte: Quer dizer que tudo não passa de um mal entendido? 
 
M.C.: Sim, e não só isso. O problema é quem começou a noticiar essa história é um jornalista que tem problema comigo, ele está sempre querendo achar chifre em cabeça de cavalo. Depois, a história acabou espalhando na imprensa. Eu fui vítima de uma indústria criminosa que existe aqui na Paraíba.
 
UOL Esporte: Uma indústria criminosa?.
 
M.C.: Sim, a verdade é que o jornalista que primeiro noticiou essa história foi um jornalista que tentou me extorquir, para que ele não me perseguisse, e eu não cedi. Então agora ele fica me perseguindo. Não quero ser vítima de mais uma injustiça.