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Fidel tornou Cuba potência olímpica e se rendeu a Paula e Hortência em 1991

Fidel jogando beisebol em 1964 - Reuters
Fidel jogando beisebol em 1964 Imagem: Reuters

Do UOL, em São Paulo

26/11/2016 10h25

Há um antes e um depois de Fidel Castro quando o assunto é esporte em Cuba. Morto na noite de sexta-feira (25) aos 90 anos, o ex-presidente cubano foi o líder de uma revolução que mudou completamente a cultura esportiva do pequeno país, que se tornou uma potência olímpica em um curto período de tempo.

Cuba tinha algum sucesso olímpico desde sua primeira participação, em 1900, mas as 12 medalhas conquistadas até a Olimpíada de Melbourne, em 1956, em 60 anos e sete edições do evento, se tornaram 220 após Fidel assumir a presidência da nação caribenha e instituir um programa de desenvolvimento esportivo no início do seu governo, com a criação do Instituto Nacional de Esporte, Educação Física e Recreação em 1961.

Especial: UOL foi a Cuba investigar o programa esportivo do país

Crente no potencial esportivo do país, Fidel viu seus compatriotas evoluírem no maior evento mundial, com resultados praticamente imediatos. Presidente desde 1959, o político acompanhou o crescente sucesso cubano ter início nos Jogos de Tóquio, em 1964, com uma medalha de prata. Quatro anos depois, na Cidade do México, mais quatro atletas subiram ao segundo lugar mais alto do pódio.

A afirmação veio em Munique, em 1972, quando os boxeadores Orlando Martinez, Emilio Correa e Teófilo Stevenson levaram três ouros de volta para casa. Além disso, Cuba conquistou uma prata e quatro bronzes, terminando o evento na 14ª colocação do quadro de medalhas.

De Montreal-1976 em diante, Cuba teve vaga cativa no Top 10 olímpico por quase 30 anos, deixando o posto apenas nos Jogos de Atenas, em 2004, quando encerrou sua participação com 27 medalhas, sendo nove delas de ouro, na 11ª colocação.

Fora os Estados Unidos, maior potência olímpica, Cuba é o principal país da América Latina quando se trata do desempenho em Jogos Olímpicos. As 220 medalhas cubanas deixam para trás Brasil (128), Argentina (74) e México (67), países muito mais populosos do que a ilha caribenha, que até 2014 tinha 11,2 milhões de habitantes.

Apesar de bem-sucedido, o programa esportivo cubano tem sua cota de polêmicas e pontos questionáveis. O profissionalismo foi abolido nos esportes por conta dos princípios socialistas de igualdade, o que motivou a deserção de atletas em diversas ocasiões, especialmente quando saíam do país para disputa de eventos como a Olimpíada e Jogos Pan-Americanos.

O fim da União Soviética foi outro fator a influenciar no programa cubano, já que o país viveu um período complicado do ponto de vista econômico após a dissolução do seu maior parceiro. A longo prazo, o que se viu foi uma queda de rendimento, que chegou ao ponto mais baixo na Rio-2016, onde Cuba conquistou apenas 11 medalhas, número mais baixo desde 1976.

Presidente rendeu a Paula e Hortência no Pan de Havana

Fidel, Paula e Hortência - Reuters - Reuters
Imagem: Reuters
Esportista quando jovem, Fidel foi a maior figura dos Jogos Pan-Americanos de 1991, realizados em Havana. O presidente estava nas arquibancadas torcendo fervorosamente por seu país na final do basquete, quando a geração de Paula e Hortência conquistou seu maior feito.

A dupla liderou o Brasil na campanha que resultou no ouro após a vitória por 97 a 76 sobre as cubanas na grande decisão. Na hora da premiação, fez questão de descer das arquibancadas para entregar as medalhas e falar com as brasileiras campeãs, elogiando o desempenho delas contra o país sede.

Paula utilizou o Twitter para lembrar do momento em Havana, chamando-o de um dos mais marcantes de sua geração do basquete.

Fidel e García Márquez - El Tiempo/AFP - El Tiempo/AFP
Fidel Castro conversa com Gabriel García Márquez com uma jaqueta da Adidas
Imagem: El Tiempo/AFP

Patrocínio da Adidas? Não é bem assim...

Conforme a idade do líder cubano foi avançando e sua saúde piorando, Fidel passou a fazer cada vez menos aparições públicas. Os trajes militares foram dando espaço para jaquetas esportivas, chamando a atenção por serem, em sua maioria, da marca Adidas. 

O site Buzzfeed ficou intrigado com a quantidade de fotos de Fidel com roupas da empresa alemã e perguntou a ela se havia algum patrocínio que motivasse tal preferência. A resposta foi objetiva: “não temos nenhum contrato com Fidel Castro.”

“O motivo dele ter sido fotografado em produtos da Adidas no passado é basicamente: até 2012, a Adidas era o parceiro oficial do comitê olímpico cubano, vestindo todos os membros da equipe olímpica com roupas de competição e treinamento por muitos anos. Parece que Fidel vestiu produtos dessa coleção em várias ocasiões”, explicou Katja Schreiber na ocasião.