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Festa? Em noite de gala, atletas olímpicos sofrem sem apoio e patrocínios

Campeão olímpico no salto com vara, Thiago Braz negocia patrocínio - Flávio Florido/COB
Campeão olímpico no salto com vara, Thiago Braz negocia patrocínio Imagem: Flávio Florido/COB

Leo Burlá

Do UOL, no Rio de Janeiro

30/03/2017 11h00

A suntuosa construção da Cidade das Artes, palco da realização do Prêmio Brasil Olímpico 2016, não sugere que o esporte do país-sede dos últimos jogos vive à míngua.

Em meio aos comes e bebes que antecederam a premiação do Comitê Olímpico Brasileiro, o clima era de descontração entre os atletas, mas a realidade cotidiana em nada se assemelha ao ambiente festivo da cerimônia.

Poucos meses após a realização da Olimpíada, a realidade de atletas de ponta é de chorar. Com a fuga em massa de investidores e patrocinadores, eles voltaram a viver nas sombras, e os anos de fartura pré-olímpicos já são apenas uma vaga lembrança.

O maior exemplo é justamente a grande surpresa do Brasil na Rio-2016. Ouro no salto em altura, Thiago Braz explicou que ainda busca novos patrocínios. “Estou com algumas negociações em curso, mas ainda são apenas conversas”, admitiu.

“Achei que teria mais visibilidade depois da medalha, mas os recursos só estão caindo. Só da confederação são 4 meses de salários atrasados”, disse Maicon Andrade, medalhista de bronze no taekwondo.

A situação do lutador é corriqueira, já que investimento é palavra escassa no mercado. Recém-aposentado, o ex-nadador Thiago Pereira culpou a crise nacional pelo cenário sombrio. Ele preferiu não individualizar a questão, mas disse que os potenciais patrocinadores não querem nem ouvir falar em apoio.

A situação atinge em cheio o ginasta Arthur Nory, medalhista de bronze no solo. Nem mesmo após a exposição gerada pelo feito, o atleta conseguiu um patrocínio. Para seguir em bom nível, conta com a ajuda do clube e da Força Aérea Brasileira (FAB).

“Tem muita gente passando dificuldades. A gente acaba ficando um pouco atrás dos atletas dos países mais desenvolvidos”, lamentou Nory.

A velocista Rosângela Santos radicalizou. Com residência fixa nos Estados Unidos, abriu uma vaquinha virtual para conseguir custear sua participação no Mundial de Atletismo deste ano. Dos R$ 60 mil reais desejados, não conseguiu nem 1%.

Desde o fim dos Jogos, a carioca perdeu mais da metade de seus patrocinadores e diz que teve de adaptar seu calendário ao seu novo momento financeiro.