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Espanhol sobe Everest sem oxigênio extra e corda. E repete tudo após 6 dias

Kilian Jornet explora o Monte Everest - Divulgação
Kilian Jornet explora o Monte Everest Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

02/06/2017 04h00

O espanhol Kilian Jornet é um fenômeno. Ultramaratonista especializado em montanhas e dono de recordes de velocidade no alpinismo, ele fez algo inédito no fim de maio. Chegou ao topo do Monte Everest e seus 8.848 metros de altitude sem ajuda de cordas fixas e de oxigênio extra. Mais que isso, fez o trajeto duas vezes. E mais: num intervalo de apenas seis dias.

Na primeira investida, ele saiu da base do mosteiro Rongbuk, a 5.100 metros de altitude, enfrentou problemas estomacais perto dos 7.500 metros, mas ainda assim chegou ao cume 26 horas depois. Em seguida, desceu até a base avançada localizada a 6.500 metros, totalizando 38 horas.

A chegada à essa base aconteceu no dia 22 de maio. Jornet ficou por lá se recuperando, mas quem sabia de seus planos desconfiava que ele tentaria nova subida logo depois. E foi o que aconteceu.

No dia 27 de maio, o espanhol saiu dos 6.500 metros e chegou novamente ao topo do Everest depois de 17 horas. Com a volta à base avançada, o percurso total foi de 28h30. Em seis dias, ele havia conquistado o topo do Everest duas vezes, sem ajuda de oxigênio ou cordas fixas. Algo inédito.

“Na primeira subida eu passei mal e tive que me mover muito lentamente, parando a cada poucos metros para vomitar. Mas eu senti que estava bem com a altitude e decidi continuar. Quando voltei, percebi que gostaria de fazer outra tentativa”, resumiu Jornet.

Entre os especialistas em montanha, Kilian Jornet já é considerado uma lenda, mesmo com apenas 29 anos. Idade para ele, inclusive, nunca foi obstáculo. Afinal, aos três anos, ele já havia chegado ao topo de sua primeira montanha de 3 mil metros. A explicação para isso: seu pai é guia de montanha e sua mãe, especialista em esportes de montanha.

Não à toa, o espanhol ostenta diversas conquistas no esqui de montanha e em ultramaratonas. Mas agora são os maiores montes do mundo que o desafiam, mesmo diante dos riscos à saúde que a prática representa.

“A captação do oxigênio do ar se torna mais difícil e podem surgir sintomas como fadiga, taquicardia e arritmias, redução de reflexos, desmaios. E como a pressão dos gases dentro do corpo aumenta, pode ocorrer edema pulmonar, ocular ou cerebral, principalmente se a velocidade da subida for rápida”, resume o médico Roberto Debski.

Reflexos negativos à saúde podem se manifestar, segundo ele, até em longo prazo. Neste caso, tudo depende da preparação de Kilian Jornet e de suas condições prévias. Aparentemente, o espanhol está muito bem.