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MPF: 'Cabral recebeu US$ 10 mi de empresa que pagou integrante do COI'

France Presse: AFP
Imagem: France Presse: AFP

Léo Burlá e Rodrigo Mattos

Do UOL, no Rio de Janeiro

05/09/2017 11h42

Os procuradores do Ministério Público do RJ declararam, nesta terça, que o ex-governador Sérgio Cabral teria recebido mais de US$ 10 milhões (R$ 37 milhões) em propinas em esquema que envolveu a compra de votos para a escolha do Rio como sede da Olimpíada.

Segundo o MPF, a propina que Cabral recebeu veio da Matlock, empresa de Arthur Cesar de Menezes Soares Filho, conhecido como “Rei Arthur”.

O MPF diz que “Rei Arthur” entrou no esquema de compra de votos dos Jogos Olímpicos porque possui contratos com o Governo do Rio. Esses contratos com o poder público carioca somam bilhões de reais, acrescenta o Ministério Público.

O MPF diz que Cabral pagou US$ 2 milhões para o senegalês Lamine Diack para comprar voto na escolha da sede. Diack tinha direito a voto. O dinheiro da propina foi enviado via empresa Matlock, de “Rei Arthur”.

“O senhor Arthur Soares Filho pagou mais de 10 milhões de dólares ao senhor Sérgio Cabral. Isso vai de encontro com a tipologia da organização criminosa. Aqui no Rio era sempre por espécie para evitar rastreamento do dinheiro. Por causa da confiança, dessa vez foi feito através de registro bancário”, disse o procurador Eduardo El-Hage.

A compra do voto do senegalês do COI era estratégico, diz o MPF, pois os dirigentes do continente da África planejavam votar em bloco em um só candidato.

MPF pede bloqueio de R$ 1 bilhão

A Polícia Federal cumpriu nesta terça-feira (05) mandado de busca e apreensão na casa do presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Carlos Arthur Nuzman, e na própria sede da entidade. A operação, batizada de Unfair Play, é um desdobramento da Lava Jato e investiga compra de votos e pagamento de propinas na escolha do Rio de Janeiro como sede da Olimpíada de 2016.

O presidente do COB é apontado como suspeito de intermediar a compra de votos de integrantes africanos do Comitê Olímpico Internacional para a escolha da cidade do Rio de Janeiro. 

A investigação também tem como alvo o empresário Arthur César de Menezes Soares, e sua sócia, Eliane Cavalcante. 

O MPF pede o bloqueio de R$ 1 bilhão dos patrimônios de Nuzman, “Rei Arthur” e Eliane.

“Formou-se uma verdadeira triangulação de agentes políticos e esportivos, e um grupo privado que planejou cada passo para que os Jogos viessem ao Brasil e os lucros que poderiam ter. Esse grupo ofende profundamente o povo brasileiro e por isso temos pedido de bloqueio de bens de 1 bilhão de reais a título de danos coletivos”, disse a procuradora Fabiana Schneider.

Atualmente morando no exterior, “Rei Arthur” tem pedido internacional de prisão; a sócia Eliane Cavalcante foi presa na operação desta terça; Nuzman irá depor nesta terça à tarde.