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"Rei Arthur" teria fugido de autoridades em iate em Miami, diz jornal

Veículo da Polícia Federal estacionado em frente à residência Carlos Arthur Nuzman - Rodrigo Mattos/UOL
Veículo da Polícia Federal estacionado em frente à residência Carlos Arthur Nuzman Imagem: Rodrigo Mattos/UOL

Do UOL, em São Paulo

05/09/2017 11h00

De acordo com reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo", Arthur Soares, conhecido como "Rei Arthur", não foi encontrado pelas autoridades americanas em Miami e há a suspeita de que ele tenha fugido de iate. O empresário é protagonista da suposta compra de votos para que o Rio de Janeiro fosse eleito cidade sede da Olimpíada de 2016.

Arthur Soares é ex-proprietário da empresa que firmava contratos de prestação de serviços com o Governo do Rio de Janeiro na época dos Jogos. A Polícia Federal expediu mandado pedindo a prisão preventiva do empresário.

Autoridades americanas aceitaram o pedido da polícia brasileira e passaram a procurar Arthur Soares. Ele voou de Lisboa para Pittsburgh no fim de agosto e poderia estar em Miami.

No entanto, o empresário não foi localizado e não há registro de novos voos em seu nome. Por isso, existe a suspeita de que ele teria deixado Miami de barco. O suspeito também não foi localizado em sua residência em Paris, que foi alvo de operação de buscas.

Nesta terça-feira (5), a Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão na casa de Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, e na sede da entidade. A operação, batizada de Unfair Play, é um desdobramento da Lava Jato e investiga compra de votos e pagamento de propinas na escolha do Rio de Janeiro como sede da Olimpíada de 2016.

Nuzman deixou sua residência levado pelos oficiais para depor na sede de Polícia Federal. Como há suspeitas que o presidente do COB tenha nacionalidade russa, ele foi proibido de deixar do país e entregou todos os seus passaportes.

O presidente do COB vai depor ainda nesta terça-feira na sede da Polícia Federal. A investigação também tem como alvo Arthur Soares e sua sócia Eliane Cavalcante, que foi presa.

Entenda o caso

Em março deste ano uma reportagem do jornal francês Le Monde exibiu que investigação francesa descobriu pagamentos indiretos de Arthur Soares para dois então membros do COI (Lamine Diack e Franck Fredericks) poucos dias antes da eleição em outubro de 2009. Por isso, há uma apuração na Justiça francesa e no Comitê Olímpico internacional (COI) para saber se foram propinas pagas para ajudar o Rio a vencer a eleição olímpica.

Na apuração, foram investigados Franck Fredericks, membro do COI, e Lamine Diack, ex-presidente da IAAF e ex-membro do COI. Segundo o ''Le Monde'', uma offshore de propriedade de Arthur Soares no Caribe enviou um pagamento de US$ 1,5 milhão para uma empresa de Papa Diack, filho de Lamine, a três dias da eleição do Rio. A família Diack já era investigada por envolvimento no escândalo de doping da Rússia.

Posteriormente, Fredericks recebeu um pagamento de Papa Diack de parte do valor. Ele afirmou que prestou serviços esportivos relacionados a eventos na África e apresentou o contrato ao COI.

Arthur Cézar de Menezes Soares já era investigado pelo Ministério Público Federal na ''Operação Calicute'' por suas ligações com o ex-governador do Rio de Janeiro Sergio Cabral. Suas empresas tinham contratos bilionários com o governo do Estado. Sua proximidade com Cabral, que era o governador na eleição do Rio, era responsável pelo apelido de ''Rei Arthur''.

Conforme noticiou o UOL Esporte, o grupo empresarial ligado a Arthur Soares assinou seis contratos com o Comitê Rio-2016 para serviços de mão de obra, limpeza e alimentação, entre outros itens. Segundo o comitê, o valor total foi de R$ 80 milhões.