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Sob suspeita, COB terá R$ 225 mi públicos sem mudar gestão do dinheiro

Paulo Wanderley, novo presidente do COB - AP Photo/Silvia Izquierdo
Paulo Wanderley, novo presidente do COB Imagem: AP Photo/Silvia Izquierdo

Rodrigo Mattos

Do UOL, no Rio de Janeiro

24/10/2017 13h03

Envolto em denúncias de corrupção, com seu ex-presidente preso, o COB (Comitê Olímpico do Brasil) prevê ter R$ 225 milhões em verba pública para tocar o esporte olímpico no ano de 2018, um leve crescimento em relação a 2017. O dinheiro é referente à Lei Piva, que destina parte dos recursos da loteria feral. A entidade ainda estuda uma forma de melhorar o controle dos recursos federal por meio de mudanças na sua gestão.

A apresentação do orçamento do COB ocorreu apenas apenas duas semanas após a prisão do então presidente da entidade Carlos Arthur Nuzman, acusado de comprar votos para a candidatura do Rio-2016. Isso levou ao vice-presidente Paulo Wanderley a assumir a entidade. 

Ainda assim, as mudanças na recepção do dinheiro público pelo comitê e na distribuição dele são, até o momento, pequenas. O COB destinará R$ 95 milhões para confederações olímpicas, sendo que boa parte delas também apresenta denúncias de irregularidades no uso do dinheiro público. Outros R$ 96 milhões serão geridos pelo comitê olímpico, seja para manutenção da entidade, seja para projetos esportivos escolhidos pela entidade.

Houve algumas mudanças de critério da distribuição do dinheiro por confederações com maior enfoque nos resultados esportivos das duas últimas olímpicas recentes, e obtenção de medalhas de ouro nos Jogos. Tanto que o judô e canoagem são duas modalidades que tiveram crescimento nos recursos, sendo que o primeiro esporte ficou com R$ 6,2 milhões, menos apenas do que o vôlei.

A questão é que, por enquanto, ainda não está claro se haverá mudanças no procedimento de controle de contas da verba pública do COB. Uma comissão do comitê ainda analisa uma mudança estatutária que altere as formas de gerir o dinheiro destinado pelo governo.

“Já temos conversas sobre isso. Mas o controle via TCU (Tribunal de Contas da União) e do Ministério do Esporte já têm com acesso a todos os dados e gastos. E outras formas de controle estão sendo discutidas pela comissão de reforma de estatuto que teve a sua segunda reunião. Estamos coletando dados para depois a assembleia aprovar”, afirmou o novo presidente do COB, Paulo Wanderley, vice de Carlos Arthur Nuzman.

Wanderley defende que agilidade no processo de mudança de gestão da entidade o máximo possível. E espera um resultado sobre novo formato do estatuto em 45 dias para ser votado pela assembleia do COB. Mas deixa pouco explícita sua posição sobre a nova forma de gestão do COB. Só afirmou ser favorável a maior participação dos atletas na eleição.

“Sugeriram 90 dias e eu pedi 45. Existem leis e ritos para serem cumpridos, inclusive dentro do COI”, disse Wanderley. “Estou tomando medidas internas. Medidas internas, muitas ações são necessárias. Mudança estatutária, leva ao corpo legal, mudança de sede, economia. Tudo será resolvido internamente.”

Não há previsão, no entanto, de uma auditoria interna no COB para verificar todos os gastos na gestão de Nuzman, inclusive saques de R$ 1,5 milhão em dinheiro vivo. “Vamos agir sob demanda de acordo com o Ministério Público”, disse Wanderley. Não houve até agora trocas do corpo de direção do comitê.