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Triatleta atropelada sonhava competir no Ironman e era colega de bombeiro

Ludimila Barbosa sonhava em competir no Ironman - Reprodução/Instagram
Ludimila Barbosa sonhava em competir no Ironman Imagem: Reprodução/Instagram

Karla Torralba

Do UOL, em São Paulo

06/12/2018 04h00

Mãe, educadora, atleta. Mesmo com uma profissão bem diferente da de atleta Ludimila Barbosa, 40 anos, dedicava-se ao esporte como uma profissional. Era dessas apaixonadas por qualquer tipo de modalidade que envolve superação de desafios: ciclismo, natação, triatlo. 

Não tinha tempo ruim. Ludy, como era chamada de forma carinhosa, fazia esportes com um grupo animado de amigas e até o filho de 12 anos seguia os seus passos. O sonho era competir no Ironman em 2019, a competição mais desafiadora para uma triatleta. 

Mas o último desafio acabou de forma triste. Ludimila foi atropelada por uma lancha do Corpo de Bombeiros durante a 6ª Etapa do Campeonato de Maratonas Aquáticas do Tocantins no último domingo (02) e não resistiu aos ferimentos. Ela morreu na última terça (04). 

A atleta é lembrada por quem conhecia como uma pessoa de bem com a vida e que sempre estampava um sorrisão no rosto. Os desafios eram dentro e fora do esporte para conseguir conciliar a profissão, a família e o amor pelas competições principalmente de triatlo, esporte pelo qual era federada. 

"A verdade da vida é que a vida é rápida, um piscar de olhos. Tem que se dar o máximo, não ficar com tristeza. Ela era uma pessoa cheia de energia. Boa educadora que era. Ela subiu no pódio na última competição de triatlo e encarava a vida com sorriso no rosto. Fazia corridas de montanha também, qualquer esporte estava dentro", contou Sérgio Henrique Moraes Lopes, presidente da Federação Tocantinense de Triathlon.

Ludimila era orientadora educacional na rede municipal de Palmas. Trabalhava com educação desde 2005 e foi professora e diretora. "Profissional competente, dedicou parte da sua vida à formação das nossas crianças, especialmente do Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) João e Maria, onde atuava como coordenadora pedagógica", publicou a prefeita de Palmas Cinthia Rodrigues em comunicado lamentando a morte.

Um dos bombeiros da lancha também é triatleta

Corpo de Bombeiros e Marinha investigam as causas do acidente que matou Ludimila. Ao UOL, o tenente-coronel José Filho explicou que a visibilidade no momento do acidente estava baixa e os profissionais tentavam resgatar atletas no Lago de Palmas. 

A corporação está abalada com o que aconteceu. "Nosso objetivo é sempre salvar vidas e não o contrário", ressaltou o tenente. 

Depois do acidente 40 profissionais foram ao hospital doar sangue para a atleta. Segundo o tenente-coronel, os três bombeiros que participavam do resgate estão "extremamente abalados e em choque, recebendo atendimento médico". 

"Vai ser um trauma, muito difícil de superar a curto prazo, porque um deles é triatleta também e era colega dela, foi colega de natação. Pra ele está sendo a parte mais chocante", lamentou. 

A Marinha informou que "um inquérito administrativo foi instaurado para apurar as causas, circunstâncias e responsabilidades do acidente, bem como colher ensinamentos para reduzir a probabilidade de ocorrências análogas no futuro". 

Atleta era parte de grupo de mulheres unidas pelo esporte

O grupo alegre de 8 mulheres era unido e passava o amor pelo esporte aos filhos. Ludimila deixou um filho de 12 anos e uma menina de 5 anos. 

"O filho dela estava fazendo provas também. Nós inserimos o 'aquakids', o menino dela nada prova de maratona. Todas são muito dedicadas, acordam muito cedo, vai pra natação 5h da manhã, porque tem compromisso. O triatleta tem que se superar porque ninguém vive de esporte", disse Sérgio.

A equipe feminina tem nome: TriNinhos. A definição é simples "Amigas que são atletas. Atletas que são amigas". As amigas escreveram sobre Ludimila na página do grupo no Instagram. 

"Querida Ludi. Você semeou tanto amor em nós. Você nos mostrou quanta força há e seu coração. Você foi valente e corajosa em todas as vezes que a vida te exigiu isso. Você sorriu muito, mesmo por vezes querendo chorar, e encheu nossa vida de alegria. Você cuidou, incentivou, amou, superou grandes desafios e se tornou exemplo", diz a mensagem das amigas.