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Pan 2019

Abertura do Pan exalta cultura inca, gastronomia peruana e diversidade

Adriano Wilkson, Demétrio Vecchioli e Karla Torralba

Do UOL, em Lima (Peru)

26/07/2019 23h28

Uma grande exaltação dos elementos mais icônicos da cultura peruana. A Cerimônia de Abertura dos Jogos Pan-Americanos de Lima hoje (26) trouxe ao Estádio Nacional referências à premiada gastronomia do país, símbolos do tradicional Império Inca e um chamado à Pachamama, entidade que representa o espírito do planeta Terra. Tudo conectado à modernidade dos dias atuais.

Antes mesmo do início da festa de abertura o que mais chamou a atenção no estádio foi a estrutura montada de uma imensa montanha cenográfica branca, onde foram representados diversos pontos marcantes do Peru e sua cultura, inclusive a cidadela de Machu Picchu. O local serviu de plano de fundo do jogo de luzes e troca de peças durante toda a apresentação, além de ter sido escalado por turistas mochileiros.

No final da cerimônia, a pira pan-americana foi acessa no alto de Machu Picchu pela jogadora de vôlei peruana Cecília Tait, medalhista de prata na Olimpíada de Seul em 1988.

A exaltação da cultura peruana começou com o poema "El Perú" de Marco Martos, declamado em várias línguas faladas no país. Em seguida, o hino nacional foi cantado e interpretado em linguagem de sinais, em uma demonstração da diversidade de seu povo.

No tradicional desfile de atletas, um dos pontos altos para o público brasileiro: Martine Grael surgiu carregada por Kahena Kunze e as duas puxaram uma "ola" com a torcida. Antes da grande entrada, no entanto, Martine quase foi barrada, porque a organização no local não havia entendido que eram duas porta-bandeiras.

Cultura Inca

Pan cerimônia - REUTERS/Sergio Moraes - REUTERS/Sergio Moraes
Imagem: REUTERS/Sergio Moraes
Conectada com a aspiração do Peru de ser conhecido como um país que valoriza sua diversidade, a abertura trouxe uma sinfonia cantada nas várias línguas faladas na região. Delfina Paredes, uma atriz peruana de 84 anos, foi a voz da Pachamama, a mãe-natureza das culturas pré-colombianas.

A organização trouxe ao centro do estádio a imagem de um deus parte ave, parte felino e parte serpente para representar os três universos da cosmologia dos povos que habitaram o continente antes da chegada dos europeus.

Também chamou a atenção a decisão artística de comparar personagens da cultura pré-hispânica com os esportes participantes do Pan. Na cerimônia, mensageiros incas conhecidos como "Chasquis" foram apresentados como maratonistas modernos, assim como os "caballitos de totora", tradicionais embarcações peruanas viraram "ancestrais dos surfistas."

Dupla de porta-bandeiras do Brasil é destaque

Martine Grael e Kahena Kunze lideraram a delegação brasileira na cerimônia de abertura do Pan-2019 - REUTERS/Sergio Moraes  - REUTERS/Sergio Moraes
Martine Grael e Kahena Kunze lideraram a delegação brasileira na cerimônia
Imagem: REUTERS/Sergio Moraes
As campeãs olímpicas da vela brasileira Martine Grael e Kahena Kunze, grandes escolhidas para carregar a bandeira do Brasil, entraram no Estádio Nacional de forma inusitada: Kahena carregou Martine nos ombros logo na entrada.

"A gente tem que inovar. Somos criativas. Eu achei diferente, foi legal. Foi uma forma de inovar", explicou Martine Grael sobre a ideia de uma entrar em cima da outra. "Foi muito rápido. O coração tá batendo até agora. Foi muito rápido. Acho que queria voltar um pouco. Não deu para ver realmente o pessoal", comentaram Martine e Kahena após o desfile.

Com muita descontração, o desfile da delegação brasileira foi um dos momentos que o público mais se empolgou com direito a "ola". O país entrou com uma delegação de 110 pessoas entre atletas e oficiais. A delegação teve 13 modalidades representadas.

Gastronomia peruana em uma encenação de banquete

Peru é conhecido mundialmente por sua rica gastronomia, o que não poderia deixar de ser exaltado na festa no Estádio Nacional. Um banquete foi encenado ao vivo para mostrar a diversidade dos ingredientes usados na culinária do país.

Como representante da cozinha peruana, o escolhido para estar no palco da abertura foi o chef Micha Tsumura, dono do famoso restaurante Maido, de Lima, em que mistura tradições japonesas e peruanas. Famoso também por ter sido jurado da versão peruana do programa Masterchef, Tsumura ficou em posição de destaque na montanha cenográfica de Machu Picchu.

Mascote Milco

Milco - REUTERS/Sergio Moraes O - REUTERS/Sergio Moraes O
Imagem: REUTERS/Sergio Moraes O
A mascote Milco, inspirada em artefatos funerários da cultura chancay, foi apresentado junto com o guitarrista peruano Charlie Parra del Riego. A apresentação teve participação especial de Guillermo Bussinger, Pelo D'Ambrosio, Sandra Muente e Shantall.

Natureza

A festa também fez questão de explicar a origem da logomarca do Pan. Inspirada na flor "amancaes", a marca dos Jogos lembra a tradição dos antigos habitantes de Lima de se reunir nos vales que rodeiam a cidade para celebrar seu florescer. Na dança, as amancaes estiveram acompanhadas de 15 cavalos de passo peruano, uma raça conhecida por seu trote suave.