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Pan 2019

A próxima estrela do basquete está no Pan e ganhou medalha de ouro

Sabrina Ionescu, destaque do time de basquete 3x3 dos EUA no Pan de Lima-2019 - Hector Vivas/Lima 2019
Sabrina Ionescu, destaque do time de basquete 3x3 dos EUA no Pan de Lima-2019 Imagem: Hector Vivas/Lima 2019

Demétrio Vecchioli

Do UOL, em Lima (Peru)

29/07/2019 18h40

Se Sabrina Ionescu entregar tudo aquilo que promete aos 21 anos, em pouco tempo olharemos para trás e contaremos que a filha de uma família de imigrantes romenos um dia esteve nos Jogos Pan-Americanos. E em uma modalidade diferente: o basquete 3x3 - os americanos dizem "three on three".

Não é exagero compará-la a Zion Williamson, o garoto draftado recentemente pelo New Orleans Pelicans e que tem tudo para ser a próxima estrela da NBA. O mesmo prêmio de melhor jogador da NCAA, a liga universitária americana, entregue a ele foi também dado a ela nesta temporada. E com louvor.

Em seu penúltimo ano na Oregon University, Ionescu bateu o recorde de bolas de três pontos em um mesmo jogo da NCAA, 17, e também estabeleceu novo recorde de triple-doubles em uma mesma temporada, 13. Não apenas no basquete universitário feminino, mas mais do qual qualquer homem também.

Oregon nunca havia chegado ao Final Four, as semifinais da NCCA, e quebraram o tabu graças a Ionescu. O time parou na semifinal e, no dia seguinte, Ionescu publicou uma carta no The Players Tribune renunciando à possibilidade de se inscrever no draft da WNBA. Ela era cotada para ser a primeira escolha.

Sabrina Ionescu, destaque do time de basquete 3x3 dos EUA no Pan de Lima-2019 - Cesar Fajardo / Lima 2019 - Cesar Fajardo / Lima 2019
Sabrina Ionescu é destaque no basquete universitário 5x5 e lidera o time dos EUA no Pan no 3x3
Imagem: Cesar Fajardo / Lima 2019

"Quando nós perdemos, eu só queria voltar para jogar mais um ano com minhas colegas e meu treinador. Eu amo deles. Quero fazer mais do que fizemos este ano", contou ao UOL Esporte nesta segunda. Na carta, ela foi bem mais detalhista. Em síntese, contou que quer continuar construindo algo em Eugene e que percebeu isso depois de assistir bilhões (em suas palavras) de vezes um vídeo em que Kobe Bryant rasga elogios a ela.

Ionescu pega rebotes, marca bem, chuta de três com precisão. É uma jogadora perfeita para o basquete 3x3. "No verão passado, meu técnico disse para jogar um torneio com meu time, eu joguei e gostei e estou aqui em mais esse verão. Este é só meu segundo verão no 3x3, meu segundo torneio. Nunca treinei para isso", confessa.

Nem precisava. Ionescu sobrou no torneio de 3x3 do Pan. Só não fez nenhuma cesta de três pontos porque neste esporte o chute de trás da "linha dos três" vale dois pontos (e as cestas normais, um). Durante os sete jogos do torneio, ela tentou 28 arremessos de longe. Acertou 16.

"São jogos diferentes. Aqui é mais rápido, mais físico, não tem treinador, você precisa tomar todas as decisões. É definitivamente diferente do 5x5", comparou ela. Ao site da federação americana, havia usado a expressão "pickup basketball", algo como chamar a modalidade de "pelada".

Essa sempre foi a leitura que os americanos fizeram do 3x3, que faz sucesso em parques norte-americano mas tem na Sérvia e na Rússia suas maiores potências. Mas, valendo medalha olímpica, os EUA decidiram começar a levar a modalidade a sério. Criaram uma enormidade de torneios qualificatórios e passaram a dar suporte para os melhores times do masculino. No feminino, estão apostando em jovens promessa da NCAA - todas as quatro campeãs do Pan se destacam na liga universitária.

Ionescu diz que não faz diferença, para ela, estar em Tóquio no 3x3 ou no 5x5. "Não importa. Se eu tiver a oportunidade, é o que eu quero".