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Pan 2019

Pan-2019: os três segredos que trouxeram 11 medalhas para o Brasil

Milena Titoneli é a primeira brasileira campeã pelo taekwondo do Pan - Washington Alves/COB
Milena Titoneli é a primeira brasileira campeã pelo taekwondo do Pan Imagem: Washington Alves/COB

Do UOL, em São Paulo

30/07/2019 01h13

Ao menos três elementos unem o taekwondo ao triatlo, duas das modalidades que mais deram medalhas ao Time Brasil até esta segunda-feira (29) pelo Pan de Lima-2019. Um: o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) cuida do dinheiro. Dois: um técnico da Rio-2016 foi eleito presidente de suas confederações. Três: um ex-atleta expressivo passou a comandar a área técnica.

Ambas as modalidades encerraram sua jornada neste Pan, combinando para 11 medalhas brasileiras, incluindo quatro dos oito ouros conquistados. Os últimos dois vieram com a lutadora Milena Titoneli, de modo emocionante, na categoria até 68kg e com a equipe de revezamento misto do triatlo.

O salto de produção dos lutadores dos triatletas em comparação com Toronto-2015 foi impressionante. No Canadá, o taekwondo teve apenas duas medalhas e nenhum campeão. Agora saiu com sete pódios. O triatlo passou em branco quatro anos atrás e agora descolou dois ouros e duas pratas, premiando um bem-vindo entrosamento entre os integrantes da equipe.

Essas conquistas ficam ainda mais relevantes se considerarmos que as entidades responsáveis pela condução desses esportes entraram em colapso após a última Olimpíada. Ambas tiveram dirigentes condenados por irregularidades na gestão de recursos públicos. Esses cartolas deixaram seus cargos no início do atual ciclo olímpico para a eleição de dois ex-treinadores.

Podio do revezamento misto do triatlo - Alexandre Loureiro/COB - Alexandre Loureiro/COB
Vittoria, Messias, Luisa e Kauê se divertem no pódio do triatlo
Imagem: Alexandre Loureiro/COB

Tanto Júnior Maciel, do taekwondo, quanto Marco La Porta, do triatlo, foram treinadores na Rio-2016. Ambos assumiram instituições endividadas. CBTKD e CBTri têm débitos com o governo federal, e ficaram longo período sem poderem receber recursos públicos, passando para o COB a responsabilidade por gerir a contabilidade. Por outro lado, a crise abriu espaço para que o foco de ambas as confederações passasse a ser exclusivamente esportivo, sob o comando de dois ex-atletas de destaque: Natália Falavigna, medalhista olímpica pelo taekwondo, e Virgilio de Castilho no triatlo. (Por Demétrio Vecchioli, em Lima)

Abram alas para os ginastas

Taekwondo e triatlo podem desfrutar de seus instantes de glória por ora. É que a ginástica artística está competindo em altíssimo nível. Nesta segunda, a modalidade adicionou mais três medalhas ao quadro, chegando a cinco no total.

Destaque para a dobradinha histórica, em diversos quesitos, de Caio Souza (ouro) e Arthur Nory (prata) no individual geral. Já Flavia Saraiva, "a mesma Flavinha de sempre", mas com 12 centímetros a mais de altura, levou o bronze entre as mulheres na mesma competição.

Caio Souza vibra no Pan - Luis ROBAYO / AFP - Luis ROBAYO / AFP
Toda a vibração do campeão pan-americano Caio Souza
Imagem: Luis ROBAYO / AFP

Isaquias garante o dele

O maior multimedalhista brasileiro deixa o Peru com uma só medalha de ouro, conquistada na prova de C1 1000m. Atleta do Flamengo, ele usava uma canoa rubro-negra. Agora, não estranhem a quantia. É que o Pan se adaptou ao novo programa olímpico e retirou a prova do C1 200m, que ele também havia vencido em Toronto-2015. Sua outra chance de ir ao pódio era o C2 1.000m, prova em que no sábado Erlon desmaiou sobre a canoa no meio do percurso.

A canoagem ainda ganhou mais duas medalhas na instalação montada a 180 quilômetros de Lima. Vagner Souta foi bronze na K1 1.000m, assim como Ana Paula Vergutz no K1 500m.

Isaquias rubro-negro no Pan - Flávio Florido / Lima 2019 - Flávio Florido / Lima 2019
Isaquias e sua canoa flamenguista ganharam ouro no Peru
Imagem: Flávio Florido / Lima 2019

Resultado inédito no hipismo

A equipe brasileira de adestramento ganhou a medalha de bronze em Lima. Desta forma, o quarteto formado por João Paulo dos Santos, João Victor Marcari Oliva, Leandro Aparecido da Silva e Pedro Tavares assegurou pela primeira vez na história a classificação para os Jogos Olímpicos em competição - excluímos aqui o time que disputou a Rio-2016 como anfitrião, claro.

Marcari Oliva é filho da Hortência, a legendária ex-jogadora de basquete. Que obviamente se entusiasmou com a conquista. Não são muitas as famílias com dois medalhistas pan-americanos, certo?

Filho de Hortência no Pan -  Pedro Ramos/ rededoesporte.gov.br -  Pedro Ramos/ rededoesporte.gov.br
João Victor conduz Biso das Lezirias
Imagem: Pedro Ramos/ rededoesporte.gov.br

Pelas beiradas

A contagem brasileira de medalhas contou com a contribuição de medalhas de bronze conquistadas no pentatlo moderno (no revezamento com Isabela Abreu e Priscila Oliveira) e no esqui aquático (com Mariana Nep pelo wake board).

Coletivos

A seleção de handebol feminino conseguiu a vitória de honra das equipes brasileiras nesta segunda. Hegemônico, o time destroçou os Estados Unidos, vencendo por 34 a 9 sua semifinal. Na decisão elas vão enfrentar a rival Argentina, que bateu Cuba por 31 a 21, defendendo um período de invencibilidade que é mais longevo que a goleira Renata, de 20 anos. A última derrota da seleção em Pans foi nos Jogos de Mar del Plata-1995.

Oura modalidade em torno da qual giravam muitas expectativas era o vôlei de praia. Mas a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) vai ter de prestar contas ao COB pelo fracasso de suas duplas sobre areia peruana. Na semifinal, Carol Horta e Ângela perderam por 2 sets a 0 para Karissa Cook e Jace Pardon, dos Estados Unidos. Agora lhes resta jogar pelo bronze contra a dupla de Cuba, que foi superada pela argentina também em dois sets.

Já os estreantes do basquete 3x3 sofreram duas derrotas e terminaram com a quarta posição tanto no masculino como no feminino. Ambos os trios perderam o bronze em confrontos com a República Dominicana. Os Estados Unidos levaram os dois ouros.