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Pan 2019

Filha de ex-são-paulino joga o Pan e segue exemplo de Serena Williams

Mell Reascos disputou o torneio de tênis dos Jogos Pan-Americanos de Lima - Demétrio Vecchioli/UOL
Mell Reascos disputou o torneio de tênis dos Jogos Pan-Americanos de Lima Imagem: Demétrio Vecchioli/UOL

Demétrio Vecchioli

Do UOL, em Lima

01/08/2019 04h00

A passagem de dois anos por Néicer Reasco pelo São Paulo pode não ter sido das mais marcantes, mas determinou o futuro de uma das mais jovens atletas da delegação do Equador nos Jogos Pan-Americanos de Lima. Foi nas quadras do Morumbi que Mell, sua filha caçula, então com seis anos, começou a aprender a jogar tênis. Ainda menina - tem apenas 17 anos - ela é a grande promessa do tênis equatoriano.

"Eu fazia ballet, piano, essas coisas, mas minha melhor amiga jogava tênis no São Paulo. Aí eu fiz algumas aulas e quando eu voltei para o Equador eu comecei a treinar. Eu não gostava muito de futebol, porque não gosto de contato físico, e gostei muito de tênis", contou ela ao UOL Esporte, ainda decepcionada com a derrota para a argentina de ascendência ucraniana Nadia Podoroska.

Diferentemente da rival, terceira cabeça de chave da competição, Mell Reasco não tinha pontuação suficiente para estar na chave feminina de Lima-2019, mas recebeu um convite da organização. Ela, afinal, tem o status de maior promessa da América do Sul no momento. A equatoriana é a melhor do continente no ranking mundial júnior, no 27º lugar.

Mell tem girado o circuito mundial júnior e, nesta temporada, disputou Roland Garros e Wimbledon - também voltou ao Brasil, mas só para jogar, porque perdeu contato com as amigas da infância. Nascida em 2002, ainda tem mais um ano entre as juniores, mas quer começar a participar de eventos profissionais de pequeno porte ainda este ano.

Sua inspiração é a norte-americana Serena Williams. Não só porque as duas têm tipo físico parecido, mas pelas barreiras que a melhor tenista do mundo tem derrubado. "Ela é referência para mim. Porque foi uma das primeiras negras no circuito em um esporte tão caro, em que só podem jogar pessoas de alto nível social. Mas, mais do que negra, eu sou uma mulher e quero ajudar a desenvolver o esporte feminino", diz Mell.

Depois de estrear vencendo a guatemalteca Andrea Weedon por 2 a 0 na segunda, ela perdeu por 2 a 0 para a argentina Podoroska nesta quarta. Em duplas, foi eliminada na estreia, pela dupla do Paraguai. Agora, vai voltar para a casa, em Quito, e reencontrar o pai, que não pôde vir para Lima porque ficou cuidando do filho mais velho.

Djorkaeff Néicer Reasco, de apenas 20 anos, também começou nas escolinhas do São Paulo, mas no futebol, e hoje é atacante reserva da LDU de Quito, onde o pai jogou até 2016 - os dois chegaram a fazer parte do elenco ao mesmo tempo. Operado do joelho, o equatoriano com nome de craque francês está parado e depende do cuidado do pai, que por enquanto desistiu de ser treinador profissional e toca uma escolinha em uma cidade pequena do Equador, Santo Domingo.