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Um ano conturbado para Ricardo Teixeira

27/12/2011 14h56

BRASÍLIA, 27 dez 2011 (AFP) -Ricardo Teixeira, presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e do Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2014 (COL), esteve em 2011 sob fogo cruzado da justiça e da imprensa por acusações de corrupção.

Aos 64 anos, Teixeira completou 22 à frente da CBF e seu mandato termina em 2015. No futuro, o dirigente estaria de olho na presidência da Fifa, de acordo com o ex-sogro João Havelange, que esteve à frente da entidade de 1974 a 1998,

"Ricardo queria se apresentar agora, mas eu disse a ele: faz uma Copa do Mundo de qualidade, trata todo mundo bem, e vão votar em você por agradecimento", explicou Havelange em depoimento à revista Piauí.

Aos 95 anos, o próprio João Havelange renunciou ao cargo vitálicio no Comitê Olímpico Internacional no início deste mês de dezembro, quando era ameaçado de expulsão pelo envolvimento em supostos casos de corrupção.

A Fifa pretende divulgar documentos relacionados a subornos recebidos tanto por Ricardo Teixeira quanto por Havelange.

A denúncia veio do jornalista da BBC Adrew Jenning, autor do livre "Jogo sujo, o mundo secreto da Fifa".

Baseando-se em informações da justiça suíça, Jenning explica que a empresa de marketing esportivo ISL subornou ambos os dirigentes para conseguir os direitos de transmissão de diversas competições.

De acordo com o jornalista, Havelange teria recebido 50 milhões de dólares e Teixeira, mais de 9 milhões.

"Se a presidente Dilma ler meus documentos e checar os fatos, trocará o Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2014 em poucos dias. Ricardo Teixeira está realizando a Copa no Brasil para roubar em contratos", afirmou Jenning em outubro, em Brasília, diante da Comissão Esporte e Cultura do Senado.

Teixeira, no entanto, resolveu contra-atacar ao convocar um nome de peso para o conselho de administração Comitê Organizador da Copa, o ex-craque Ronaldo.

Além de desviar a atenção da mídia, esta nomeação foi vista como uma forma de reagir à uma iniciativa de Dilma Roussef, que em julho tinha designado o 'Rei' Pelé embaixador do governo para a Copa sem consultar a CBF.

Ricardo Teixeira sempre negou as acusações de corrupção e chamou de "fanfarrão" o jornalista inglês.

Em outubro, a Polícia Federal abriu uma outra investigação contra o presidente da CBF por crime financeiro e lavagem de dinheiro.

Já em maio, Teixeira foi acusado junto com outros membros da Fifa de comportamento "incorreto e antiético", pelo ex-presidente da candidatura inglesa à Copa do Mundo de 2018 David Triesman.

Em depoimento ao Parlamento Britânico, Triesman citou um encontro que teve com o presidente da CBF em 2009. Ao explicar a Teixeira que tinha ficado feliz ao saber que o então presidente Lula via com simpatia a candidatura inglesa, o dirigente inglês teria recebido como resposta: "Lula não é nada. Me diga o que você tem para mim".

Também acusado por Triesman, o paraguaio Nicolás Leoz, presidente da confederação Sul-Americana (Conmebol), teria pedido um título honorífico britânico de Cavalheiro da Rainha. A Fifa acabou arquivando o caso por falta de provas.

Apesar de todos os problemas que enfrentou neste ano, Ricardo Teixeira continua firme no cargo de presidente da CBF e poucos se arriscam a prever sua saída do cargo.