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Esquiva Falcão perde para japonês e diz adeus ao ouro

11/08/2012 23h19

LONDRES, 11 Ago 2012 (AFP) -O pugilista brasileiro Esquiva Falcão não conseguiu realizar seu sonho de ser campeão olímpico, ao perder na final da categoria médio (até 75kg) dos Jogos Olímpicos de Londres para o japonês Ryota Murata, ficando com a prata.

O combate foi muito equilibrado e o japonês venceu apenas por um ponto de diferença, pelo placar de 14 a 13, sendo que o brasileiro sofreu uma punição que lhe tirou dois pontos no último round, uma decisão polêmica que deixou levou boa parte do público a vaiar os juízes.

"É o esporte, é assim mesmo, saio daqui com a cabeça erguida, eu vim para conquistar a medalha e consegui. Infelizmente, o ouro não veio, mas estou muito feliz com a prata", disse Esquiva depois da luta.

O irmão dele, Yamaguchi Falcão, já tinha levado o bronze na categoria meio-pesado (até 81 kg). Os dois são filhos do também boxeador Touro Moreno, de 75 anos, que foi o grande incentivador desta família de campeões.

"Quero pegar essa medalha e colocar no pescoço do meu pai, quero agradecer a ele por tudo porque ele também participou desta conquista", disse Esquiva, emocionado.

O boxe brasileiro também conquistou outro bronze com Adriana Araújo na categoria até 60 kg feminina.

Com três pódios, o esporte teve um desempenho histórico nestes jogos, já que antes havia levado apenas uma medalha de bronze, com Servílio de Oliveira, na Cidade do México, em 1968.

O diretor técnico da seleção brasileira de boxe olímpico, o cubano Otílio Toledo, explico esta melhora nos resultados por um salto de qualidade na preparação dos atletas.

"Antes tínhamos muitos atletas talentosos, mas eles não tiveram a oportunidade de contar com boas condições de treino para se preparar para as Olimpíadas. Felizmente, nos últimos quatro anos, conseguimos montar uma equipe técnica muito capacitada", analisou.

"Se continuamos a trabalhar da mesma forma até 2016, podemos pelo menos igualar este resultado", anunciou.

Esquiva, de 22 anos, já havia sofrido uma derrota para Murata no Mundial de Bacu (Azerbaijão), mas na época o placar foi muito mais elástico, com 24 a 11 a favor do japonês.

O primeiro assalto foi bastante fechado e Esquiva teve dificuldades para encontrar brechas na guarda do japonês e perdeu por 5 a 3.

No segundo, os dois foram mais ofensivos e o brasileiro conseguiu reduzir a vantagem do adversário para apenas um ponto (9 a 8).

No início do terceiro e último round, Esquiva usou sua velocidade para disparar vários golpes, mas depois a luta voltou a ficar mais presa e o brasileiro teve dois pontos retirados por ter agarrado o adversário.

Quando o placar final foi anunciado, os juízes foram vaiados e não apenas pelos torcedores brasileiros, mas também por outras espectadores que achavam que Esquiva merecia a vitória.

O próprio Esquiva também contestou a decisão, avaliando que o japonês também o tinha agarrado. "Os dois estavam agarrando, os dois estavam cansados, acho que os juízes deveriam ter descontado pontos dos dois, não só para mim, assim a luta estaria mais justa", reclamou o brasileiro. No entanto, Esquiva disse que não pretendia apelar da decisão.

O pugilista disse que pretendia lutar pelo ouro na próxima edição, no Rio de Janeiro, em 2016, apesar de confessar que seu grande sonho era ser campeão mundial no profissional, como seu ídolo Myke Tyson.

"Se chegar um contrato que me favorecer e cobrir o que ganho agora, sou capaz de virar profissional sem medo nenhum. Mas não acredito que vá chegar e acho que o boxe amador vai melhorar muito daqui para frentre. O atleta que sair do boxe amador agora pode se arrepender bastante", afirmou.

A medalha de Esquiva foi a 15º do Brasil em Londres, a quarta de prata, depois do nadador Thiago Pereira, da dupla de vôlei de praia Alison e Emanuel e da seleção masculina de futebol.