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Presidente do Bayern admite fraude fiscal no início de julgamento

10/03/2014 15h47

MUNIQUE, Alemanha, 10 Mar 2014 (AFP) - Uli Hoeness, presidente do Bayern de Munique, reconheceu nesta segunda-feira que fraudou o fisco alemão durante anos, no início de um julgamento no qual pode ser condenado a uma pena de prisão.

"Não paguei impostos", admitiu o presidente do clube de futebol mais vitorioso da Alemanha, de 62 anos, pouco depois do início do julgamento, que deve durar quatro dias.

O dirigente reconhece ter fraudado o fisco alemão em pelo menos 18,5 milhões de euros, segundo documentos da defesa.

O valor é observado nos documentos bancários que o advogado de Hoeness entregou ao tribunal há alguns dias.

Em um primeiro momento, a procuradoria de Munique acusou Hoeness de não ter pago 3,5 milhões de euros de impostos. O presidente do clube de futebol havia omitido em sua declaração à administração fiscal 33,5 milhões de euros de lucros, graças a uma conta secreta na Suíça.

"Lamento profundamente meu comportamento delitivo", afirmou Hoeness, antes de completar que deseja esclarecer "este triste capítulo da vida".

Ele recordou que destinou cinco milhões de euros a obras sociais.

"Não sou um parasita social", disse.



Risco de prisão

O presidente do Bayern optou em janeiro de 2013 por denunciar a si mesmo ao fisco, para regularizar sua situação. O procedimento permite solucionar o caso com o pagamento de uma grande multa e evita que o autor da fraude seja condenado à prisão.

Mas a promotoria de Munique considera o procedimento inválido, pois está convencida de que Hoeness temia ser denunciado em breve pela imprensa.

De fato, na época os jornais da Alemanha estavam seguindo a pista de uma conta na Suíça de um importante dirigente do mundo do futebol, mas não revelaram o nome do investigado.

Hoeness foi detido em 20 de março de 2013 e liberado após o pagamento de uma fiança de cinco milhões de euros (6,8 milhões de dólares). Na ocasião, sua mansão na Baviera foi alvo de uma operação de busca.

Se o tribunal aceitar a auto-denúncia como válida, o acusado poderá solucionar o caso com uma multa. Mas se considerar que optou muito tarde pela estratégia, Hoeness pode ser condenado a até 10 anos de prisão.

Em geral, quando a fraude supera um milhão de euros, a justiça alemã costuma punir com sentença de prisão.

O risco para Hoeness é acentuado quando se sabe que o juiz escolhido para o caso tem a reputação de ser inflexível.

Até agora, o ex-atacante se manteve à frente do clube bávaro graças ao apoio de acionários poderosos como Adidas, Audi ou Deutsche Telekom, mas uma condenação deve obrigá-lo a renunciar ao cargo.

Campeão mundial com a seleção alemã em 1974, Hoeness precisou encerrar sua carreira de jogador com apenas 27 anos, por causa de uma grave lesão.

Ele começou trabalhando como dirigente do Bayern em 1979 e assumiu a presidência 30 anos depois, substituindo o lendário Franz Beckenbauer.

No seu mandato, o clube se tornou um dos mais ricos e mais vitoriosos do planeta, conquistando no ano passado a inédita 'tríplice coroa' (Bundesliga, Liga dos Campeões e Liga dos Campeões).

Antes do escândalo de fraude fiscal, Hoeness era visto como uma autoridade moral na Alemanha, vivendo, em aparência, uma vida simples, ao lado da esposa, com a qual está casado há 40 anos.

Ele também mostrou-se várias vezes próximo do partido conservador, da chanceler Angela Merkel, que recentemente se disse "decepcionada" com o dirigente.

ran-hap/fp


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