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Deschamps lamenta escândalos no futebol francês

23/11/2014 12h04

PARIS, 23 Nov 2014 (AFP) - O técnico da seleção francesa, Didier Deschamps, afirmou nesta domingo que os escândalos que sacudiram recentemente o futebol do país dão uma "péssima imagem do esporte".

"Não é uma boa publicidade para o futebol, obviamente. Agora temos que analisar as coisas com tempo, esperar as decisões da justiça. Já ouvimos muitas reações, comentários, mas precisamos deixar a justiça fazer seu trabalho", declarou o treinador em entrevista ao programa Telefoot, do canal TF1.

Como jogador, Deschamps levantou os principais troféus do futebol francês. Foi capitão do Olympique no único título de um clube do país na Liga dos Campeões, em 1993, e da seleção francesa nas conquistas da Copa do Mundo de 1998 e na Eurocopa de 2000.

Na semana passada, estouraram dois escândalos de corrupção no futebol francês, ambos com suposto envolvimento do crime organizado.

Na terça-feira, 15 dirigentes do Olympique de Marselha, clube mais popular do país, foram detidos, inclusive o presidente atual Vincent Labrune, e dois ex-presidentes, Pape Diouf (2005-2009) e Jean-Claude Dassier (2009-2011).

Eles são acusados de fraude em transferências de atletas realizadas nos últimos anos, com suspeita de "vínculo com o crime organizado". A investigação começou em 2011, num caso de "extorsão, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha".

Técnico rebate críticas O próprio Deschamps, que foi técnico do Olympique de 2009 a 2012, chegou a ser alfinetado na quinta-feira por Dassier, que estava à frente do clube na época.

"Deschamps mandava na esfera esportiva, acho que seria bom se pudesse fornecer explicações sobre a maneira com a qual as coisas estavam acontecendo", sugeriu o cartola, que foi solto na quarta-feira.

"Dassier perdeu uma oportunidade de ficar calado. E nunca cuidei das transferências de jogadores. Eu fazia escolhas na medida do possível, quando o presidente deixava. Mas não tive conversas com nenhum intermediário, não era da minha responsabilidade", rebateu Deschamps.

Outro caso de grande repercussão diz respeito a acusações de manipulação de resultados de partidas da segunda divisão francesa.

No final da temporada passada, Caen e Nîmes empataram em 1 a 1, resultado que garantiu a volta do primeiro na elite e a permanência do segundo na segundona.

Os presidentes de ambos os clubes, Jean-François Fortin e Jean-Marc Conrad, foram indiciados.

O jornal Le Canard Enchainé publicou nesta semana transcrições de conversas telefônicas entre Fortin, Kasparian e Jean Marca Conrad, presidente do Nîmes, no dia da partida.

"Para você, é um ponto também?" - perguntou Fortin. "Sim, só falta um ponto, é isso aí" - respondeu Conrad. "Bom, então se não formos otários..." - concluiu o presidente do Caen.

A polícia judicial também investiga as partidas que o Nîmes disputou contra Dijon e Angers.

Como no caso do Olympique, o crime organizado tem uma ligação estreita com o futebol. Os trechos de conversa que incriminam os cartolas foram gravados em escutas numa investigação sobre lavagem de dinheiro da máfia corsa através de jogos de azar em Paris.