Topo

Blatter e Platini suspensos por oito anos pela Fifa

21/12/2014 17h59

Zurique, Suíça, 21 dez 2015 (AFP) - Em um duro golpe para aqueles que são considerados os dois homens mais poderosos do futebol, Joseph Blatter, presidente da Fifa desde 1998, e Michel Platini, presidente da Uefa desde 2007, foram suspensos por oito anos de qualquer atividade relacionada ao futebol.

O anúncio foi feito nesta segunda-feira pela justiça interna da entidade que comanda o futebol mundial.

O pagamento de 1,8 milhão de euros em 2011 de Blatter a Platini, supostamente por trabalhos de assessoria à Fifa concluídos uma década antes, sem um contrato escrito, resultou em um primeiro momento em uma suspensão provisória que chegaria ao fim em janeiro, à espera do veredicto de fato da questão.

Embora as acusações de corrupção não tenham sido mantidas, a justiça interna da Fifa considerou ambos culpados de "conflito de interesses" e de "gestão desleal". Platini deve pagar ainda uma multa de 80.000 francos suíços (74.000 euros), maior que a multa atribuída a Blatter, fixada em 50.000 francos suíços (46.295 euros).

Blatter contra-atacaCerca de uma hora após o anuncio da suspensão, Blatter anunciou em coletiva de imprensa que irá recorrer da decisão.

"Vamos recorrer no Comitê de Apelação da Fifa, em seguida no Tribunal Arbitral do Esporte (TAS) e depois na justiça suíça", afirmou o presidente demissionário da entidade, que se mostrou decepcionado com a Comissão de Ética da Fifa.

"Se vocês me perguntarem se me sinto traído, posso dizer que sim. Pedimos à Comissão de Ética que julgasse o comportamento ético, mas ignoraram as provas", disparou.

"Lamento que, como presidente da Fifa, eu seja um saco de pancadas. Sinto muito pelo futebol, sinto muito pela Fifa", continuou o dirigente.

Assim como Blatter, Platini também poderá recorrer da suspensão, mas o tempo joga contra o ex-jogador, já que o francês desejava disputar a eleição presidencial da Fifa, programada para 26 de fevereiro.

O suíço Blatter, de 79 anos e que em quatro décadas passou por diversos cargos na entidade que comanda o futebol mundial, já estava praticamente aposentado, mas esperava ter a possibilidade de presidir a Fifa até a eleição de seu sucessor no congresso extraordinário convocado para fevereiro.

Se tentar comparecer ao TAS diretamente, sem passar primeiro pelo Comitê de Apelação da Fifa, para agilizar o processo, Platini, de 60 anos, precisará da autorização da Fifa, algo que parece pouco provável, segundo fontes ligadas à entidade máxima do futebol mundial.

A data limite para a apresentação de candidaturas é 26 de janeiro, o que significa que o francês tem pouco tempo para tentar esgotar todas as vias de recursos.

O veredicto é um cartão vermelho para aquele que já foi considerado o melhor jogador do mundo, com três troféus da Bola de Ouro na carreira, anos de glória na Juventus de Turim e o título da Eurocopa-1984 com a França.

Desde 2007, Platini comandava o futebol europeu e nos últimos anos passou de aliado a inimigo número 1 de Blatter, que, na coletiva de imprensa nesta segunda-feira, afirmou considerar o francês "um homem honrado" e não guardar "sentimento de vingança".

'Annus horribilis'A decisão desta segunda-feira pode ser considerada um momento que resume 2015 para a Fifa, considerado o 'annus horribilis' da entidade, marcado por escândalos de corrupção desde a detenção em 27 de maio em Zurique de sete dirigentes, incluindo o ex-presidente da CBF José Maria Marin.

O escândalo levou Blatter, que em 29 de maio havia sido reeleito para um quinto mandato que deveria prosseguir até 2019, a anunciar em 2 de junho que deixaria o comando da Fifa e a convocar um congresso para determinar seu sucessor.

Platini iniciou a corrida presidencial como o favorito, mas o que parecia um caminho tranquilo virou um calvário, com punições anunciadas como episódios de uma série.

À espera do que acontece com os recursos de Platini, a Fifa tem cinco candidatos à presidência: o suíço-italiano Gianni Infantino, o xeque do Bahrein Salman bin Ibrahim al-Khalifa, o príncipe jordaniano Ali bin al-Hussein, o sul-africano Tokyo Sexwale e o francês Jérôme Champagne.

O novo presidente da Fifa terá uma missão extremamente complicada de reconstruir a credibilidade de uma instituição dinamitada pela corrupção.

Até o momento, 39 dirigentes ou ex-funcionários da Fifa foram indiciados pela justiça dos Estados Unidos, acusados pela criação de um sistema de subornos que teria movimentado quase 200 milhões de dólares desde 1991.

bs-pgr/fp/am