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Eckert, Scala, Allard, Bantel: quatro personagens do julgamento de Blatter e Platini

21/12/2014 20h43

Paris, 21 dez 2015 (AFP) - Personagens dos bastidores da Fifa, Hans-Joachim Eckert, Vanessa Allard, Domenico Scala e Andreas Bantel tiveram papeis importantes no processo que resultou na queda de Joseph Blatter e Michel Platini.

Hans-Joachim Eckert: o juiz da FifaO advogado alemão de 67 anos ficará na história como responsável por derrubar os dois homens mais poderosos do mundo do futebol. Eckert preside desde 2012 a Câmara de julgamento da Comissão de Ética da Fifa.

Seu primeiro grande caso foi a investigação da falência da ISL, empresa encarregada de negociar os direitos de transmissão da Fifa, indo atrás do ex-presidente João Havelange (1974-1998). Blatter saiu ileso desta investigação, o que alimentou as acusações de parcialidade de Eckert.

Antes do caso Blatter-Platini, o nome de Eckert era muito associado ao famoso relatório Garcia, o procurador americano que investigou a Fifa e as condições da escolha das sedes das Copas do Mundo de 2018 e 2022.

Em 13 de novembro de 2014, Hans-Joachim Eckert afirmou que o relatório levantava suspeita de "comportamento duvidoso", mas que não havia nenhuma prova de corrupção. Furioso com esta interpretação "errônea e incompleta", Michael Garcia pediu demissão do cargo de presidente da Câmara de Investigação da Câmara de Ética em 17 de dezembro de 2014.

Vanessa Allard: suspensão à vidaEsta cidadã de Trinidad e Tobago, membro da Câmara de Instrução da Comissão de Ética, foi encarregada de investigar o caso Platini e o famoso pagamento de 1,8 milhões de euros recebidos de Blatter em 2011.

Allard ouviu o testemunho do francês em 1 de outubro por vídeo-conferência, antes de pedir uma suspensão provisória de 90 dias e, em seguida, o afastamento à vida do francês.

"Ela conduziu uma investigação ofensiva quando deveria ter olhado o caso de maneira mais imparcial", denunciou Thibaud d'Alès, advogado de Platini.

Domenico Scala: no centro do jogoPresidente das Comissões de auditoria e eleitoral da Fifa, o suíço de 50 anos ocupa uma posição central à espera do próximo congresso eletivo e a escolha do sucessor de Blatter, em 26 de fevereiro.

Em 21 de outubro, em entrevista ao jornal Financial Times, o suíço foi o primeiro a falar em "falsificação das contas" e "conflito de interesses" em relação a Blatter e Platini, prevendo duras punições.

Após uma carreira de sucesso trabalhando em multinacionais suíças, Scala saiu das sombras na Fifa em função do escândalo de corrupção que abalou a entidade em maio e que obrigou Blatter a pedir demissão.

Responsável pela organização da próxima eleição para presidente da Fifa, Scala também está na origem das reformas que visam melhorar a governabilidade de uma entidade afundada na maior crise de sua história.

As propostas pensadas pela Comissão de Reforma da Fifa, que devem ser aprovadas no próximo congresso, são inspiradas em decisões e ideias de Scala.

Andreas Bantel: voz que vai longeEm entrevista publicada pelo jornal francês L'Equipe, em 11 de dezembro, ao afirmar que "Platini vai certamente ser suspenso por vários anos, e, em relação a Blatter, não há diferença entre uma suspensão de alguns anos e uma suspensão à vida", Bantel, porta-voz da Câmara de Investigação da Comissão de Ética, criou grande polêmica.

Bantel tentou se retratar, afirmando que a não havia autorizado o conteúdo da entrevista, mas o mal já estava feito. Platini e Blatter aproveitaram a brecha e denunciaram um "atentado à presunção de inocência". O francês chegou até a boicotar sua audiência diante da Câmara de Julgamento da Fifa. "Estou convencido que meu destino já estava decidido e que este veredito é um envoltório patético de um desejo de me eliminar do mundo do futebol", escreveu Platini em comunicado à AFP após o anúncio da suspensão, nesta segunda-feira.