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Platini resiste, sem garantias de salvar candidatura à frente da Fifa

22/12/2014 20h03

Paris, 22 dez 2015 (AFP) - Michel Platini, suspenso por 8 anos de qualquer função ligada ao futebol, permanece decidido a lutar até o fim para salvar sua candidatura à presidência da Fifa, mas suas tentativas parecem desesperadas, já que o calendário joga contra ele.

"Luto contra esta injustiça, de tribunal em tribunal", afirmou nesta terça-feira em uma entrevista exclusiva concedida à AFP um dia após sua condenação pela justiça interna da Fifa devido ao controverso pagamento de 1,8 milhão de euros recebido por parte de Joseph Blatter, presidente demissionário da instância, que também foi suspenso por 8 anos.

Combativo e ainda ansioso para tentar a sorte dirigindo a Fifa, cuja eleição para presidente será realizada em 26 de fevereiro, o ex-jogador da seleção francesa deposita a partir de agora todas as suas esperanças no Tribunal Arbitral do Esporte (TAS), estimando que "os dados estavam adulterados ante a Comissão de Ética".

Mas a principal dúvida é se o presidente da UEFA conseguirá esgotar todas as vias de recurso até 26 de janeiro, data definitiva para a validação das candidaturas.

Platini, que tinha a capacidade de ver o que iria acontecer antes dos demais em campo durante sua carreira como jogador, admite sem rodeios: "Não tenho certezas sobre o calendário, não sei como vai ser jogar a partida".

"Um comportamento dilatório"Teoricamente, Platini deve em primeiro lugar apelar ante a câmara de recursos da Fifa, que quase certamente confirmará a sentença prévia, antes de se dirigir ao Tribunal Arbitral do Esporte (TAS), sua última tábua de salvação.

Mas o três vezes ganhador da Bola de Ouro acredita que a Fifa deseja prolongar o processo para impedir que se apresente à eleição para a presidência do órgão reitor do futebol mundial.

"Como não recebi os motivos da suspensão, não posso teoricamente recorrer ao TAS", explicou.

O advogado de Michel Platini, Thibaud d'Alès, indicou na segunda-feira à AFP que estes argumentos não serão comunicados "até a primeira metade de janeiro", o que demonstra, segundo o jurista, "uma atitude dilatória" da Fifa. D'Ales também informou que já havia pedido autorização da Fifa, indispensável para poder se dirigir ao TAS.

Mas inclusive no melhor dos casos, caso o TAS lhe desse a razão, o francês ainda teria um último obstáculo pela frente: a Comissão Eleitoral da Fifa será a responsável por validar sua candidatura.

Os partidários do francês começam a se dar conta da situação. Seu antigo companheiro como jogador na Juventus de Turin, Zbigniew Boniek, e atual presidente da Federação Polonesa de Futebol, afirmou nesta terça-feira ao jornal Gazeta Wyborcza que a suspensão de 8 anos infligida ao seu amigo equivale a uma "expulsão vitalícia".

Blatter só tem seu apartamentoÀ espera de que a situação de Platini se esclareça, cinco candidatos permanecem em disputa para a sucessão de Joseph Blatter, forçado a renunciar em 2 de junho, quatro dias depois de sua reeleição: o suíço-italiano Gianni Infantino, o xeque do Bahrein Salman bin Ibrahim al Khalifa, o príncipe jordaniano Ali Bin al Hussein, o sul-africano Tokyo Sexwale e o francês Jérôme Champagne.

Durante este tempo, uma atmosfera de fim de reinado paira sobre Blatter. Após 40 anos na Fifa, 17 deles como presidente, o suíço ainda poderá desfrutar do apartamento inerente ao cargo em Zurique até 27 de fevereiro, mas deve entregar seu telefone celular e não terá acesso a sua conta de e-mail profissional.

Os homens que já foram parceiros de Blatter hoje mostram sua rejeição. Chung Mong-joon, antigo vice-presidente da Fifa, suspenso por seis anos, comemorou nesta terça-feira a suspensão de Joseph Blatter por 8 anos, estimando que os fatos foram menores em comparação com outros escândalos nos quais o líder suíço esteve envolvido. "Em comparação com os assuntos ISL ou Visa-Master Card, trata-se de um caso de corrupção menor", indicou.

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