Topo

Laranja mecânica emperra e liga o alerta nas eliminatórias da Euro

29/03/2015 15h52



Amsterdã, 29 Mar 2015 (AFP) - Terceira colocada da última Copa do Mundo, a Holanda não é nem a sobra da seleção que brilhou no Brasil sob o comando de Louis Van Gaal e o técnico Guus Hiddink já balança no cargo, com a classificação para a Eurocopa-2016 ameaçada depois de apenas cinco rodadas.

No sábado, a Laranja azedou, com um empate em 1 a 1 em casa diante da Turquia, e a situação poderia ter sido ainda mais desesperadora se o capitão Sneijder não tivesse evitado a derrota nos acréscimos, com um chute desviado de cabeça por Huntelaar.

Em cinco jogos, a Holanda soma apenas duas vitórias, um empate e duas derrotas, e ocupa o terceiro lugar do grupo A com sete pontos, seis a menos que a líder República Tcheca e cinco atrás da surpreendente Finlândia.

Hiddink, que já levou a Holanda às semifinais da Copa do Mundo em 1998, na França (perdeu nos pênaltis para o Brasil), é considerado o grande responsável pela queda de rendimento da seleção, mas os jogadores tampouco são isentos de críticas.





. Dependência de Robben e Van Persie Os craques Arjen Robben e Robin Van Persie, ambos lesionados, fizeram muita falta no sábado. "As arrancadas de Robben teriam ajudado bastante, diante de uma equipe turca bem fechada", observou o ex-atacante Pierre van Hooijdonk. Os meias Ibrahim Afellay e Memphis Depay não conseguiram furar a retranca adversária pela pontas e a Holanda só encontrou brecha no fim, com um chute desviado.





. Mudança de esquema tático A grande força da Holanda de Van Gaal era a velocidade para sair no contra-ataque, que acabou castigando a campeã mundial Espanha, goleada por 5 a 1 na estreia na Copa do Mundo no Brasil. O antecessor de Hiddink, que deixou o cargo depois da Copa para assumir o comando do Manchester United, apostou num esquema com três zagueiros, deixando o adversário chegar, para depois se projetar muito rápido para o ataque pelas pontas, graças ao talento de Robben.

Hiddink voltou ao 4-3-3 do 'carrossel holandês' da gloriosa década de 70, mas os resultados mostraram que Van Gaal não abriu mão da tradição à toa.





. Fragilidade defensiva A defesa holandesa já foi vazada seis vezes em cinco jogo. "A zaga não funciona", criticou no sábado Youri Mulder, ex-jogador, hoje comentarista na televisão local. No gol da Turquia, marcado por Yilmaz Burak, Stefan De Vrij e Bruno Martins estavam muito mal posicionados. "Foi falha de comunicação", confessou De Vrij. De acordo com Van Hooijdonk, os laterais Daley Blind e Gregory Van der Wiel estão mais preocupados em apoiar o ataque do que cuidar das tarefas defensivas, o que complica ainda mais a vida da dupla de zaga.





. Fim de ciclo Uma das principais críticas a Hiddink foi a ausência de renovação na equipe, apesar de alguns jogadores não estarem no auge de suas carreiras. Bert van Marwijk, técnico que levou a Holanda ao vice-campeonato na Copa do Mundo de 2010, mostrou-se "surpreso com o fato de Hiddink ter escalado Nigel De Jong (30 anos) e não Jordy Clasie (23), que está arrebentando com o Feyenoord".

"Com os desfalques de Robben, Vlaar, Van Persie e Strootman, precisava deixar alguns jogadores experientes da equipe", justificou Hiddink. Foi justamente um atleta experiente, Sneijder, de 30 anos, que conseguiu arrancar o empate.





. "O verdadeiro nível" Famoso jornalista da NOS, televisão pública holandesa, Jack van Gelder fez uma pergunta polêmica a Sneijder no sábado: "Será que o terceiro lugar na Copa não foi a árvore que esconde a floresta? Podemos dizer que estamos atualmente no nosso verdadeiro nível?" A resposta do jogador foi enigmática: "É estranho, não consigo explicar o que está acontecendo".