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São Paulo já tentou. Mas título vai dificultar tirar Sampaoli do Chile

Da AFP, em Santiago (Chile)

04/07/2015 21h31

Longe dos badalados técnicos que atraem os holofotes, o técnico argentino Jorge Sampaoli saiu do anonimato para alcançar a glória com o título da seleção chilena na Copa América, nesse sábado (4), justamente contra seu país de origem.

Procurado pelo São Paulo para substituir Muricy Ramalho antes mesmo de começar a Copa América, Sampaoli tem forte identificação com o Chile, onde conseguiu os êxitos mais relevantes da sua carreira.

"Estou vinculado com esse país e esses jogadores até a morte", afirmou o argentino na véspera da final, que a 'Roja' venceu nos pênaltis.

Fiel ao estilo caraterístico, Sampaoli viveu a partida a mil por hora da beira do gramado, andando sem parar de um lado para o outro e gritando o tempo todo para orientar seus atletas.

Sampaoli terá a oportunidade de levar o Chile a mais um título em 2017, na Copa das Confederações, na Rússia, mas antes terá que classificar sua equipe para a Copa do Mundo.

Sampaoli assumiu o comando da 'Roja' em dezembro de 2012, no lugar de outro argentino, Claudio Borghi, que não manteve o nível de jogo implantado por Marcelo Bielsa.

Em todas as partidas, Sampaoli anda feito um desesperado de um lado para o outro da área técnica, como um tigre numa jaula. De repente solta um grito, para reclamar do árbitro ou do posicionamento de um jogador.

Quando sua equipe faz um gol, corre para comemorar como se ele mesmo tivesse balançado as redes.

Esse é o estilo Sampaoli dentro de campo. Fora dele, sempre analisa os jogos nos mínimos detalhes, não gosta do contato com a imprensa e prefere ficar perto dos amigos e da família, na sua cidade natal de Casilda, pequena cidade próxima de Rosario.

Nesta Copa América, precisou lidar com a pressão de buscar o título em casa e com escândalos como o acidente de Arturo Vidal com sua Ferrari que dirigiu alcoolizado, ou a 'dedada' de Gonzalo Jara no uruguaio Edinson Cavani nas quartas.

No caso Vidal, preferiu o pragmatismo e acabou não afastando o meia da Juventus, que acabou sendo o melhor jogador da final contra os argentinos.

Sem poder contar com Jara, nas duas últimas partidas, colocou dois jogadores para substituí-lo, Miiko Albornoz na semifinal e Francisco Silva na decisão.

Nenhum percalço poderia ter afetado Sampaoli, acostumado a se adaptar para superar qualquer obstáculo.

O que lançou sua carreira foi uma situação das mais inusitadas. Em 1996, precisou se esconder numa árvore para continuar dando instruções aos seus jogadores depois de ser expulso numa partida do Alumini, num modesto torneio regional, na província de Santa Fe, onde nasceu.

Foi uma foto do técnico naquela árvore que deu destaque ao treinador na imprensa local, o que lhe valeu a primeira oportunidade profissional num time de alto nível, quando foi chamado para trabalhar nas categorias de base do Newell´s Old Boys, clube formador de Messi.

Em seguida, Sampaoli tentou a sorte no futebol peruano, comandando Juan Aurich, Sports Boys, Bolognesi e Sporting Cristal, com altos e baixos.

Sucesso mesmo, ele fez em terras chilenas. Ganhou destaque na Universidad do Chile, clube com o qual conquistou a Copa Sul-Americana em 2011, com grande atuações de Eduardo Vargas, que acabou se tornando o artilheiro da Copa América quatro anos depois, com quatro gols marcados.

O título continental com a seleção chilena deve despertar o interesse de grandes clubes, mas o comprometimento de Sampaoli com a 'Roja' é tamanho que dificilmente sai do país sem garantir a classificação para a Copa do Mundo de 2018.