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Chambly, o caçador de gigantes da terceira divisão francesa

19/01/2016 18h16

Chambly, França, 19 Jan 2016 (AFP) - O pequeno FC Chambly, que passou em menos de dez anos das pequenas ligas regionais da França à terceira divisão nacional, tentará escrever nesta quarta-feira o capítulo mais glorioso da sua curta história contra o Lyon, na Copa da França.

Na fase anterior, o time já protagonizou uma enorme zebra, ao golear por 4 a 1 o Reims, outro time da elite.

Este sucesso se deve à paixão de uma família de imigrantes italianos, que hoje faz o orgulho de Chambly, pequena cidade de menos de 10 mil habitantes, situada a 40 quilômetros ao norte de Paris.

"No início, éramos apenas um grupo de amigos que queria ter o próprio clube. A prefeitura de Chambly nos deu a autorização de usar o campo municipal, no meio dos pastos", lembra o presidente atual, Fulvio Luzi, ex-jornalista que também foi o primeiro técnico do time.

O primeiro presidente foi seu pai, Walter, que na década de 1960 deixou a região das Marcas, na Itália, para migrar para a França e escolheu usar o preto e o azul no uniforme, em homenagem à Inter de Milão, seu outro time de coração.

Desde sua criação, em 1989, no mais baixo escalão do futebol francês, o clube foi subindo uma divisão após a outra, com uma ambição sem limites.

Em 2001, Fulvio sucedeu ao pai na presidência e deixou o cargo de treinador em boas mãos, com o irmão Bruno, o único que fez carreira profissional como jogador.

Cultura da vitóriaFoi a partir desse momento que o time conheceu uma ascensão meteórica, de 2002 a 2011, subindo da inter-districts, liga regional que equivale ao oitavo escalão nacional, para a quarta divisão, semi-profissional, até chegar à terceira, em 2014.

"Nossa primeira temporada na terceira divisão foi complicada. Terminamos em 14º, mas conseguimos cumprir a nossa meta, que era permanecer nesse nível. Para mim, é a maior façanha da história do clube", se orgulha Fulvio Luzi.

O Chambly, que tem 700 atletas federados, não pretende parar por aí. As metas são das mais ambiciosas: a promoção para a segundona daqui a dois anos e para a Ligue 1 em seis anos.

"Aqui, temos a cultura da vitória, não desistimos nunca. Temos potencial para chegar lá", anuncia, confiante, o presidente.

O principal obstáculo, porém, é um problema de infraestrutura. O minúsculo estádio Des Marais, com capacidade para apenas 2.500 torcedores, não é autorizado a receber partidas de Ligue 2.

"Temos duas soluções: ou conseguimos um estádio novo, o que prefeitura vem nos prometendo há anos, ou fazemos uma fusão com o clube vizinho de Beauvais", explica Fulvio Luzi, que quer evitar a qualquer custo as dores de cabeça sofridas pelo Luzenac, impedido de disputar a Ligue 2 em 2014 por causa de um problema de estádio.

O duelo com o Lyon, inclusive, será realizado em Beauvais, com capacidade para 9.500 torcedores.

A população de Chambly mal supera este número, mas a previsão é de casa cheia.

O clube da família Luzi tem orçamento de 1,5 milhões de euros, cem vezes menos que o poderoso Olympique Lyonnais, atual vice-campeão francês.

"A Copa da França é legal, mas o nosso objetivo principal é subir para a segunda divisão. Mesmo assim, quando o time entrar no gramado do estádio de Beauvais, com o nosso uniforme azul e preto, será um momento muito emocionante", prevê o presidente.

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