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Rússia respira aliviada; COI é criticado por não ter banido país dos Jogos

25/07/2016 18h58

Moscou, 25 Jul 2016 (AFP) - A Rússia e seus atletas respiraram aliviados nesta segunda-feira, após a decisão do Comitê Olímpico Internacional (COI) de não excluir o país dos Jogos do Rio (5 a 21 de agosto), delegando esta responsabilidade às federações internacionais.

Esta decisão provocou muitas críticas no movimento olímpico, uma vez que o relatório independente do jurista canadense Richard McLaren, encomendado pela Agência Mundial Antidoping (Wada), pôs em evidência um sistema de doping de Estado no esporte russo entre 2011 e 2015.

A Wada se mostrou, assim, decepcionada, enquanto a Usada, a agência antidoping dos Estados Unidos, falou de "desastre" do COI.

Paul Melia, presidente da agência canadense, considerou que a "ausência de medida enérgica e decisiva foi "desmoralizante".

Curiosamente, o Comitê Olímpico dos Estados Unidos teve uma reação oposta, afirmando que a decisão "pode ser um passo na direção certa".

Na Rússia, onde o esporte e o número de medalhas são uma questão de Estado, o alívio foi enorme. "Naturalmente comemoramos" a decisão do COI, estimou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmando que foi uma "decisão positiva".

"Não é uma decisão ruim para nós. Foi tomada e é preciso respeitá-la", declarou à AFP o presidente do Comitê de Esporte da Duma (Câmara Baixa do Parlamento), Dmitri Svichtchev, embora tenha lamentado que os atletas russos que tiveram resultado positivo por doping não possam competir no Rio.

"Não se pode punir alguém duas vezes pelo mesmo crime", declarou. O ciclista Ilnur Zakarin, ganhador este ano de uma etapa na Volta da França e suspenso em 2009 pela ingestão de esteroides, será um dos afetados por esta medida.

- Ginastas e esgrimistas no Rio -Os atletas russos não poderão ir ao Rio se não estiverem autorizados por suas respectivas federações, seguindo critérios rigorosos: os atletas não podem ter sido punidos por doping no passado, nem ter sido citados no relatório McLaren.

A primeira federação a se pronunciar foi a Federação Internacional de Tênis (ITF), que autorizou a participação de oito jogadores e jogadoras de tênis selecionados pela Rússia. A decisão da Federação Internacional de Judô, que havia apoiado a Rússia mesmo antes de o COI se pronunciar, em breve seguirá pelo mesmo caminho.

Por outro lado, a Federação Internacional de Natação foi a primeira a vetar oficialmente atletas. São sete no total, entre eles grandes nomes do esporte, como Vladimir Morozov, Yulia Efimova e Nikita Lobintsev, todos medalhistas em Londres-2012.

Efimova já deixou claro que presente recorrer diante do TAS, o que é longe de ser garantia de sucesso, depois da mais alta jurisdição do esporte ter confirmado a suspensão do atletismo russo.

"Nossa batalha pelo Rio está terminada", lamentou a estrela do salto com vara Yelena Isinbayeva, que esperava conquistar no Brasil sua terceira medalha de ouro antes de se aposentar.

Em virtude dos critérios estabelecidos, a atleta Yuliya Stepanova, que deu a voz de alerta nas primeiras revelações sobre o sistema de doping estatal na Rússia, não foi autorizada pelo COI a participar dos Jogos do Rio. A corredora de 800 metros esteve suspensa entre 2011 e 2013 por irregularidades em seu passaporte biológico.

"Stepanova recebeu o que merecia", estimou o jornal Komsomolskaïa Pravda, enquanto um de seus jornalistas comparou a atleta com os colaboracionistas dos nazistas. Os líderes das federações russas de esgrima e pentatlo anunciaram nesta segunda-feira que seus atletas serão autorizados a participar dos Jogos no Rio.

No entanto, alguns atletas não esperarão a resolução de sua situação para viajar ao Rio de Janeiro. É o caso dos esgrimistas e ginastas, que já chegaram ao Brasil.

A maior parte da delegação russa viajará na quinta-feira.