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De volta ao Brasil, Bethe Correia se diz desiludida com falta de apoio ao MMA

27/07/2016 13h13

Bethe Correia vem de duas derrotas seguidas no UFC - Reprodução

Bethe Correia vem de duas derrotas seguidas no UFC – Reprodução

Exatamente um ano atrás, Bethe Correia se preparava para a disputa mais importante de sua vida. Começava no dia 27 de julho de 2015 a semana da luta em que ela de uma vez só não apenas encabeçava seu primeiro evento do UFC, como também disputava o cinturão dos pesos-galos (61 kg) contra a toda poderosa Ronda Rousey e colocava sua invencibilidade em jogo diante dos fãs brasileiros no HSBC Arena, no Rio de Janeiro. Mas em uma espécie de turbilhão pessoal e profissional desencadeado pela derrota por nocaute em menos de um minuto, Bethe agora se vê em outro cenário completamente.

Com apenas uma apresentação no octógono após o revés para a rival judoca, Bethe voltou a ser derrotada em abril deste ano, desta vez por pontos diante de Raquel Pennington, em um momento em que tentava inovar em sua carreira. Após meses de treinamento na academia AKA, onde treinam Daniel Cormier, Cain Velasquez e Luke Rockhold, Bethe não conseguiu colocar em prática as habilidades adquiridas, gastou mais dinheiro do que o normal aos custear seus treinamentos nos EUA em meio à crise econômica brasileira e não viu o retorno esperado do lado de fora do octógono.

“Eu estou muito triste com a questão de apoio. Muito desiludida. Não acredito mais em apoio, patrocínio na parte do esporte. Acho que você tem que ralar por você mesmo. Fiz a luta com a Ronda, uma das mais faladas da história do UFC, e lutei sem ninguém, sem patrocínio. Quem me ajudava era meu pai e minha irmã, que me davam um dinheirinho para eu poder treinar. Depois da luta eu fui pros EUA e muita gente falava que lá era diferente, que tinha mais apoio. Mas não foi o que eu vi. A realidade que eu encontrei lá foi a mesma daqui. Então eu to realmente bem desiludida com tudo isso e eu sei que agora eu preciso ralar sozinha mesmo”, desabafou a atleta em conversa com a reportagem da Ag. Fight.

Sem o patrocínio almejado, a brasileira retornou ao Brasil após uma junção de fatores. Desde o lado financeiro, passando pelo pessoal e até mesmo a busca pela reconciliação com sua academia ‘Pitbull Brothers’. Com tudo isso realinhado mais uma vez, Bethe garante treinar a todo vapor mais uma vez para voltar a vencer no octógono mais importante do mundo das lutas.

E o primeiro passo, de acordo com lutadora, foi reconhecer a importância do trabalho desenvolvido no País. Descoberta pela academia dos irmãos Patrick e Patrício, lutadores do Bellator, Bethe apontou no retorno à academia uma segurança de que, novamente rodeada de pessoas que conhecem suas habilidades, o seu melhor voltará a ser mostrado diante das câmeras.

“Vim para cá em um momento muito importante, para ficar perto da minha família e dos meus amigos. A questão financeira aqui também está sendo bem melhor. Lá era uma grande academia, o pessoal me recebia de braços abertos, mas tem hora que nada é suficiente. Você precisa voltar para sua casa, para pegar aquela energia do nordeste. Mesmo com toda a estrutura que eu tinha lá, não era o suficiente. Aqui no Brasil eu sempre treinei na ‘Pitbull Brothers’, que é onde eu nasci, onde fui descoberta. Não tinha como eu voltar e treinar em outra equipe, até porque eu voltei para cá para ficar mais próxima de pessoas que me conhecem”, garantiu a ex-desafiante ao título.

Mesmo de volta ao Brasil, Bethe deixa claro que as portas não estão fechadas nos EUA. Muito pelo contrário. Com bons contatos na AKA, a lutadora afirmou que voltará a treinar no país no futuro, embora não tenha apontado nenhuma data para o novo intercâmbio.

“Não estou querendo dizer que não vou mais treinar nos EUA. Um atleta não fica parado em um canto só. Nos Estados Unidos a minha casa é a AKA. Quando eu precisar treinar lá nos EUA, com certeza lá será a minha escolha. Acho que o atleta tem que estar sempre viajando, fazendo intercâmbio e a minha casa lá nos EUA é a AKA. Lá o povo me acolheu muito bem, me treinaram muito bem, eu me sinto bem com a galera de lá. Quero um dia voltar lá e treinar com a galera de lá. Mas aqui no Brasil, a minha casa é a Pitbull Brothers e agora era o momento de eu voltar”, apontou.

Se o momento para mudanças era o certo ou não, apenas o futuro irá dizer. No entanto, a única certeza que a equipe da atleta deve ter em mente é a necessidade da vitória. Após acumular duas derrotas seguidas, Bethe, embora afaste o risco de demissão, não vive situação confortável no evento.

“Claro que eu não sinto medo. De forma alguma. Sou uma lutadora que promove shows, sempre me entrego bastante para as lutas. Tenho personalidade, não sou uma lutadora qualquer, não passo despercebido por um evento. Quando eu entro, entro para marcar. E o UFC sabe disso. Minhas lutas são sempre boas e em nenhum momento isso me passa insegurança. Tenho características que UFC busca sempre em uma lutadora, que é ser ousada, não ter medo de arriscar. Chamo a responsabilidade”, narrou, antes de analisar a rival Jessica Eye, com quem mede forças no próximo dia 10 de setembro, na edição 203 do show.

“Essa luta minha com a Jessica Eye… Faz muito tempo que o UFC tá querendo marcar. Já falaram pro meu empresário umas três vezes. Uma vez não deu porque eu fui lutar com a Ronda, na outra ela disse que tinha um filme aí que até hoje eu to esperando essa estreia. Ela correu feio! Agora dessa vez eu até achei que ela não ia aceitar de novo, porque ela demorou mais de um mês para responder ao UFC. Acho que vai ser uma grande luta, a Jessica Eye se doa para o combate como eu e vai ser uma luta onde não vai dar nem pra piscar, e no final eu vou sair vitoriosa”, prometeu a sempre confiante atleta.