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Diego Costa mantém faro de gol e fama de "brigão" desde infância em Sergipe

04/12/2013 16h26

Bruno Guedes e Manuel Pérez Bella.

Lagarto (Sergipe), 4 dez (EFE).- Um menino brigão, com fama de goleador e obstinado. Foi assim que Diego Costa deixou a cidade de Lagarto, em Sergipe, para ajudar o tio comerciante na tradicional rua 25 de Março, em São Paulo, nove anos antes de virar um dos grandes nomes do futebol europeu jogando pelo Atlético de Madrid.

Nascido em uma família simples em outubro de 1988, o filho de seu José Jesus, o Zeinha, e de dona Josileide Costa chegava a caminhar 40 minutos para jogar bola na Escolinha Bola de Ouro, em pleno sol de meio-dia do verão nordestino, para tentar realizar seus sonhos.

"Um dia, depois de um treino, estávamos conversando embaixo do pé de amêndoa do nosso antigo campo, quando ele me disse: 'professor, um dia eu vou vestir a (camisa) amarelinha', eu só respondi que sim, desde que trabalhasse duro. Olha no que deu", revela o antigo técnico, Flavio Augusto Machado Santos.

Diego ia treinar a pé, de carona na bicicleta de um dos companheiros, ou era levado pelo pai, que sempre acreditou no talento dos filhos - o irmão mais velho de Diego, Jair, também jogava na escolinha, mas não seguiu carreira. E quando não tinha condições de estar presente em alguma partida, ganhava uma ajuda.

"Era o meu homem gol, como é que eu poderia abrir mão dele?", disse Flavio Augusto, que se orgulha em lembrar que o atacante foi artilheiro em todos os campeonatos que disputou.

E a fama de goleador acompanhava a de brigão. Desde muito jovem, com porte físico avantajado, Diego Costa não gostava de treinar com os meninos de sua idade, então com nove anos. E por isso, passou a entrar em campo com os de 11.

"Ele tinha essa grande vantagem, sempre foi grandão, mas também briguento, até demais. Hoje melhorou bastante", disse o ex-técnico sobre o jogador, que já topou de frente com rivais como Pepe e Sergio Ramos, ambos do Real Madrid, em clássicos da capital espanhola.

Aos 16 anos, Diego Costa deixou Lagarto e partiu para São Paulo, onde foi trabalhar com o tio Édson, na famosa Galeria Pajé, na rua 25 de Março, no centro de São Paulo. Ele e o irmão Jair, que havia se mudado antes, faziam de tudo no estabelecimento. O parente, no entanto, já tinha outras pretensões para o sobrinho.

"Ele o levou para jogar na várzea, começando por um time do prédio onde morávamos - no bairro São Mateus. Logo a fama dele chegou aos ouvidos de um amigo do presidente do Barcelona - clube da cidade de Ibiúna que disputava a quarta divisão do Campeonato Paulista", contou Jair.

Poucos meses depois da chegada na "cidade grande", Diego arrumava as malas novamente. Desta vez para Portugal, onde foi defender o Braga. Depois, ainda defendeu Penafiel, novamente o Braga, Celta de Vigo, Valladolid e Rayo Vallecano, antes de desembarcar no Atlético.

Recentemente, o jogador atraiu holofotes ao ser convocado para vestir novamente a camisa do Brasil - já tinha participado dos jogos contra Itália e Rússia e recusar o chamado. Diego resolveu defender a seleção espanhola, uma decisão que encontrou apoio em sua família, que não teme nem vaias durante a Copa do Mundo de 2014.

"Ele pode ser vaiado em qualquer jogo, não só em um Brasil e Espanha. Pela polêmica que foi criada, pode ser que aconteça sim. Só que o Diego gosta de ser provocado, ele joga ainda mais", alertou o irmão Jair.