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Tito Vilanova: O adeus de um homem tranquilo

Da EFE

Em Barcelona (Espanha)

25/04/2014 14h38

Tito Vilanova viu sua vida mudar em novembro de 2011 ao ter diagnosticado um câncer na glândula parótida contra o qual lutava desde então e se foi nesta sexta-feira da mesma maneira como chegou, sem fazer barulho e com uma energia que o rodeou até o último momento.

Francesc Vilanova Bayo nasceu em Bellcaire de l'Empordà, na província de Girona, em 17 de setembro de 1968, no seio de uma família de classe média. Seu pai, Joaquim, foi prefeito desse povoado de pouco mais de 600 habitantes entre 1991 e 2003 e a família é dona de algumas adegas em localidades próximas.

Tito entrou nas categorias de base do Barcelona aos 14 anos. Foi quando conheceu Josep Guardiola, iniciando uma relação que o marcou desde então e que muitos anos depois se transformou na comissão técnica do melhor Barcelona de toda a história.

Otimista, o técnico costumava repetir a frase "Tudo vai dar certo". Gostava da vida familiar, de música, cogumelos, caramujos, da paelha e dos canelones de sua sogra. Em 1992, o ex-treinador do Barça se casou com Montse Chaure, uma designer gráfica, que é mãe de Carlota, uma estudante de Administração de Empresas, e de Adrià, um promissor jogador das categorias de base do clube catalão.

Tito chegou a jogar no Barcelona B, mas teve que buscar o futuro profissional como jogador longe da sombra do Camp Nou. Jogou por Figueres, Celta de Vigo, Badajoz, Mallorca, Lleida, Elche e Gramenet até pendurar as chuteiras em 2002, aos 34 anos, devido a problemas no joelho.

No ano seguinte à aposentadoria, iniciou a carreira como técnico e dirigiu o time sub-15 do Barça. Passou por diversos clubes na sequência até retornar em 2007 para ser auxiliar de Guardiola no time principal. Até que em 27 de abril de 2012, com a saída do amigo, foi efetivado no cargo de treinador.

Meses antes, em 21 de novembro de 2011, Vilanova já tinha sentido a vertigem de passar por uma cirurgia de risco máximo depois de ter sido detectada em um exame de rotina a existência de um tumor na glândula parótida. Pouco mais de duas semanas depois, ele estava ao lado de Guardiola nos treinos, e tudo parecia controlado.

Como técnico principal, o sucesso continuou. A eliminação do Barça nas semifinais da Liga dos Campeões diante do Chelsea representou o adeus de Guardiola e a entrada de Vilanova.

Em dezembro de 2012, foi tornada pública a informação de que houve uma recaída do câncer. Apesar disso, o Barcelona fez o melhor primeiro turno da história do Campeonato Espanhol, com 18 vitórias e um empate, e meses depois foi campeão registrando recorde de pontos. O técnico foi tratado em Nova York e voltou ao trabalho no começo de abril de 2013. Até então, a equipe foi dirigido por seu auxiliar, Jordi Roura.

Ao término da temporada, Vilanova, de comum acordo com o Barcelona, decidiu deixar o cargo e se despediu através de uma carta publicada em 20 de julho do ano passado. Na ocasião, ele disse que dedicaria todas as suas forças e energias à recuperação.

"São momentos difíceis para os meus familiares e por isso peço respeito e compreensão à imprensa. Uma vez que eu tenha deixado de ser o técnico do Barça, espero poder ter tranquilidade e privacidade, algo de que tanto eu quanto minha família precisamos neste momento", declarou na ocasião.

Desde então, Vilanova se colocou em silêncio. Continuou o tratamento e pouco apareceu, sendo fotografado apenas em uma ou outra partida do time principal do Barcelona ou em jogos de seu filho Adrià.

E o silêncio se manteve até hoje. Na última sexta-feira foi internado para uma cirurgia programada para solucionar um problema gástrico, realizada nesta quinta. Nesta sexta-feira, morreu da mesma maneira como começou a aparecer, sem fazer barulho, e deixa um grande vazio no coração dos torcedores do clube catalão.