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Blatter diz que não teme investigações dos EUA sobre corrupção na Fifa

30/05/2015 11h11

Isabel Saco.

Zurique, 30 mai (EFE).- O presidente da Fifa, Joseph Blatter, afirmou neste sábado que não teme as investigações de corrupção na entidade conduzidas pelas autoridades dos Estados Unidos.

O dirigente suíço prometeu que em seu novo mandato, para o qual foi reeleito ontem, trabalhará por todos os membros da Fifa, incluindo aqueles que apoiaram o príncipe jordaniano Ali bin al Hussein, seu único adversário no pleito.

"Os americanos estão investigando? Têm direito de fazer isso, não me preocupo. E não tenho nenhuma preocupação em particular por mim mesmo", disse em sua primeira entrevista à imprensa após vencer as eleições da Fifa pela quinta vez.

Blatter negou categoricamente ser o "funcionário de alto escalão da Fifa" que, segundo as acusações apresentadas pelo Departamento de Justiça dos EUA, pagou US$ 10 milhões para diretores da Concacaf escolherem a África do Sul como sede da Copa do Mundo de 2010,

"Definitivamente não sou eu. Não tenho US$ 10 milhões", disse.

Da mesma forma que fez durante seu discurso de vitória ontem no Congresso da Fifa, o suíço reiterou que está disposto a assumir parte da responsabilidade pela maior crise já enfrentada pela entidade.

Entre as explicações de como a corrupção chegou a tal nível dentro da entidade, Blatter aproveitou para alfinetar a Uefa, sua principal opositora nas eleições de ontem.

O suíço afirmou que a entidade máxima do futebol europeu foi contra uma proposta que previa a verificação, através de um órgão independente, da integridade dos membros das confederações aspirantes a um cargo na Fifa.

"Se as confederações tivessem aceitado esse controle das pessoas que entravam na Fifa, a situação seria diferente. Mas a Uefa rejeitou a medida. Eles são controlados por suas próprias confederações, por isso não sou responsável pelas pessoas que entram", explicou o presidente reeleito da Fifa.

Para Blatter, a estrutura hierárquica da entidade obriga a implementação de um sistema de controle não só no nível das confederações, mas também das associações nacionais.

"A Fifa é uma pirâmide. Se agora temos essas complicações no topo é porque embaixo não há comitês de ética independentes. Quando isso for implementado em todos os níveis, poderemos dizer que a Fifa será limpa", ressaltou.

Sobre sua relação futura com a Uefa, que tentou convencer os demais delegados a votarem em Hussein, Blatter afirmou que será o "presidente de todos", inclusive os que apoiaram o jordaniano.

"Isso não influirá em minhas opiniões. Só se eu for alvo de ataques pessoais. Perdoo a todos, mas não esqueço. Não podemos viver sem a Uefa, nem a Uefa pode viver sem nós", acrescentou, em uma espécie de resposta ao presidente da entidade europeia, Michel Platini, que chegou a pedir a renúncia de Blatter.

O dirigente suíço afirmou que a Uefa é a "mais importante, rica e com os melhores jogadores", mas também deve ser de exemplo para as outras, assumindo algumas responsabilidades.

"Mas não se mostra responsabilidade quando, tendo sido eleito, sequer comparecem à primeira reunião (do Comitê Executivo realizada hoje)", comentou Blatter em uma crítica ao presidente da Associação de Futebol Britânica, David Gill, que confirmou sua renúncia ao cargo na Fifa hoje.