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"Suspeita de gestão criminosa foi motivo por busca na Uefa", diz MP suíço

Da EFE

06/04/2016 13h14

O Ministério Público da Suíça divulgou comunicado nesta quarta-feira sobre a operação de busca e apreensão de documentos na sede da Uefa, descartando que a ação tenha sido voltada contra dirigente específico, e apontando que o Panama Papers será útil para esclarecer pontos duvidosos em investigações atuais.

De acordo com o órgão, há "suspeita de gestão criminosa" em negociações de venda de direitos de televisão de competições organizadas pela entidade, e essa foi a motivação principal do pedido de ordem judicial para conseguir entrar nos escritórios da confederação europeia.

"A suspeita está baseada no resultado das investigações de outros casos que surgiram, assim como da análise financeira realizada pela promotoria. As publicações recentes na imprensa revelaram outros elementos que tornaria possível completar as investigações de uma maneira decisiva", aponta o MP.

Mais cedo, a própria Uefa confirmou, por meio de comunicado, a presença dos agentes na sede, localizada na cidade de Nyon, garantindo ainda que todos os dados solicitados foram entregues, e que haverá colaboração total com as investigações.

O suíço Gianni Infantino, ex-secretário-geral da Uefa e atual presidente da Fifa, é acusado de ter envolvimento com uma empresa citada no Panama Papers, escândalo de ocultação de dinheiro por meio de offshores, que envolve políticos, empresários e celebridades.

O Ministério Público, no entanto, descartou que a operação de hoje tenha sido parte de uma investigação contra indivíduo isolado, e sim de toda uma operação econômica.

Os documentos vazados dos arquivos da empresa panamenha Mossack Fonseca, que seria especializada em fornecer suporte para abertura de empresas em paraísos fiscais, revelaram contratos da Uefa que foram assinados no período em que Infantino era diretor jurídico.

O suíço, supostamente, assinou em 2006, no Equador, contrato pela venda dos direitos de transmissão da Liga dos Campeões com a Cross Trading, com sede em um paraíso fiscal e filial da Full Play, propriedade de Hugo Jinkis, acusados de pagamento de propina na investigação realizada pelo FBI sobre a corrupção na Fifa.

Segundo publica a imprensa inglesa, a Cross Trading pagou 98 mil euros pelos direitos de transmissão da Champions entre 2006 e 2009 no Equador, que foram posteriormente revendidos para a Teleamazonas por 274 mil euros.

Infantino e a atual direção da Uefa, em diferentes manifestações, descartaram qualquer irregularidade. A confederação aponta que a negociação foi feita a partir de uma licitação feita pela TEAM Marketing, atuando em nome da entidade, e que o suíço a assinou por ser a pessoa adequada a fazer isso.