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COI apoia sanção parcial a atletas russos, que apresentam novos recursos

Matthias Schrader/AP Photo
Imagem: Matthias Schrader/AP Photo

06/02/2018 05h19

A Assembleia do Comitê Olímpico Internacional (COI) apoiou, nesta terça-feira, a decisão tomada em dezembro pela direção do organismo de autorizar a participação em Pyeongchang 2018 de apenas um grupo de atletas russos sob bandeira olímpica, ainda que o apoio foi precedido por um longo e, em algum momento, forte debate.

Apenas duas abstenções, as do canadense Richard Pound e o britânico Adam Pengilly, foram registradas na votação para apoiar a postura do COI, presidido pelo alemão Thomas Bach, contra a corrupção do sistema antidopagem na Rússia.

Enquanto o COI analisava este assunto, outros 32 atletas russos que foram excluídos dos Jogos de Inverno de Pyeongchang apresentaram recurso no Tribunal Arbitral do Esporte (TAS) exigindo seu direito a ser convidado para o evento, cuja cerimônia de abertura será na próxima sexta-feira.

A 132ª Sessão do COI começou seus trabalhos em Pyeongchang com o debate sobre o doping na Rússia e a participação de seus atletas nos Jogos. Este assunto monopolizou as três primeiras horas de reunião, com um fechamento quase generalizado de classificações em torno das decisões tomadas pela diretoria do organismo.

Richard Pound, decano e ex-vice-presidente do COI e ex-presidente da Agência Mundial Antidopagem (AMA), quebrou a unidade ao acusar seus colegas de excessiva benevolência com a equipe russa.

"Falamos mais do que caminhamos", disse. "Os atletas e o público não acreditam que seus interesses estejam protegidos".

"Estou concordo de que necessitamos recuperar a Rússia para a família olímpica, mas com as nossas condições, sem suportar suas negativas ou seus ataques", afirmou Pound, diante de seus companheiros de assembleia.

Ele também criticou o pobre tratamento dado pelo COI aos confidentes que ajudaram a descobrir casos de doping na Rússia.

O suíço Denis Oswald, que nomeou a comissão do COI encarregada de estudar a manipulação do sistema antidoping nos Jogos em Sochi (Rússia) 2014, e que suspendeu 42 atletas, lamentou os rumores de que o COI poderia ter perdido de forma deliberada os 28 casos cancelados pelo TAS.

"Isso é um insulto ao COI, à minha comissão e a mim mesmo", disse Oswald.

No dia 1º deste mês, o TAS admitiu "por insuficiência de provas" os recursos de 28 dos 42 atletas russos que o COI tinha suspendido por violação das regras antidoping nos Jogos de Sochi.

No entanto, o COI não os convidará aos Jogos por considerar que não está garantida de sua limpeza.

Durante a Sessão ficou aberta a possibilidade que um bom comportamento da delegação russa nos Jogos permita que seus 168 atletas possam desfilar com sua bandeira na cerimônia de encerramento.

Para isso, eles terão que cumprir "no espírito e na letra ", advertiu o presidente Bach, as regras impostas pelo COI, como a renúncia total aos seus símbolos ou uniformes.

Também será levado em consideração o comportamento dos torcedores russos, "seguindo o modelo dos clubes de futebol, que são responsáveis da atitude da sua torcida", explicou Nicole Hoevertsz, de Aruba, responsável do painel que administra os convites aos representantes russos.

"Você não pode vigiar cada indivíduo, nem levar em conta cada incidente. Nós analisaremos o comportamento geral. Nossos critérios serão abertos e pouco flexíveis", disse Nicole Hoevertsz.

O membro russo Shamil Tarpischev expôs que o COI tinha "falhado" aos atletas de seu país, ao não incluir entre a lista de convidados para participar dos Jogos muitos que, segundo afirmou, nunca tiveram relação com o doping.

Em uma tentativa desesperada de participar dos Jogos de Pyeongchang, outros 32 atletas russos apresentaram hoje um recurso no TAS contra suas exclusões da lista de participantes da competição.

Entre eles estão o patinador de velocidade em pista curta Viktor Ahn, seis vezes campeão olímpico (três como sul-coreano, três como russo), e o biatleta Anton Shipulin, que foi parte do revezamento russo, que conquistou os Jogos de Sochi.

As audiências acontecerão amanhã e o painel de três juízes encarregados de decidir sobre os recursos estará presidido pelo suíço Bernhard Welten.

Nenhum desses 32 atletas deu positivo, mas o COI não os considera elegíveis para os Jogos, de acordo com o conselho de um grupo formado para estudar cada caso em particular, que mantém "suspeitas quanto à sua integridade".

Os Jogos de Inverno de Pyeongchang começam na próxima sexta-feira, quando será realizada a cerimônia de abertura.