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Provocação em quadra, desprezo ao hino... As histórias de Oscar no Pan-1987

AS LEMBRANÇAS DE OSCAR NA HISTÓRICA VITÓRIA SOBRE OS EUA

UOL Esporte

Por Carlos Padeiro e Giuliano Zanelato

23/08/2017 04h00

Há exatos 30 anos, no dia 23 de agosto de 1987, o basquete masculino brasileiro realizava uma das maiores façanhas da sua história. A seleção liderada por Oscar e Marcel, sob o comando do técnico Ari Vidal, vencia os Estados Unidos e conquistava a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Indianápolis.

Na escala de importância de títulos no basquete, o Pan fica atrás da Olimpíada e do Mundial, que envolvem países do mundo inteiro. Mas o grande feito do Brasil foi bater os Estados Unidos em território norte-americano, algo que nenhuma equipe havia conseguido em partidas oficiais de basquete.

Diante de 17 mil espectadores, o Brasil ganhou por 120 a 115 – foi a primeira vez que os EUA, inventores da modalidade, sofreram mais de cem pontos num jogo oficial.

O maior momento da minha vida foi ter ganho dos Estados Unidos lá dentro. Pela primeira vez na história mundial, os Estados Unidos perderam em casa, e foi pra nós. Esse é um orgulho que ninguém tira da gente" - Oscar Schmidt, cestinha do jogo com 46 pontos.

VITÓRIA SOBRE OS EUA NO PAN FOI O MAIOR MOMENTO QUE CAFU VIU NO ESPORTE

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As lembranças do “Mão Santa”

Duas situações foram marcantes para Oscar naquele dia. Ele lembra de ter provocado Willie Anderson em quadra, e o adversário, nas palavras do camisa 14, refugava, assim como aconteceu com todo o time norte-americano no segundo tempo. 

Oscar - Ele foi a estrela da seleção masculina no Pan de Indianápolis, em 1987, a principal conquista do basquete brasileiro depois do bicampeonato mundial em 59 e 63 - Reuters - Reuters
Oscar foi o cestinha da decisão, com 46 pontos
Imagem: Reuters

“O cara que eu marcava, o Anderson, tadinho... Ele pegava a bola, e eu mandava arremessar. Dava distância, ele ficava livrinho. ‘Arremessa aí, tá todo mundo te vendo. Chuta essa bola’. E o cara refugando. Aos poucos, a gente metendo bola, e eles refugando”, sorri o Mão Santa.

Os EUA chegaram a abrir 20 pontos de vantagem. O time sul-americano conseguiu diminuir um pouco, e o placar apontava 68 a 54 ao final do primeiro tempo.

A reação no segundo tempo ocorreu graças à pontaria de Oscar e Marcel. Juntos, eles anotaram 55 dos 66 pontos do Brasil na etapa final. Marcel foi o segundo maior pontuador, com 31 pontos.

O selecionado norte-americano era composto pelos melhores atletas amadores do país, que não atuavam na NBA. Mas, anos depois, alguns deles se profissionalizariam, caso do pivô David Robinson, que chegou a recusar propostas pois queria seguir a carreira de engenheiro naval. Em 1989, o "Almirante" enfim ingressou na NBA, pelo San Antonio Spurs, onde se tornaria ídolo. Em 92, fez parte do Dream Team e ganhou o ouro nos Jogos Olímpicos de Barcelona. Também faturou a Olimpíada de 96 e foi bicampeão da NBA pelos Spurs.

Não ensaiaram o hino do Brasil

A outra recordação de Oscar foi a ausência do hino brasileiro. Um ato falho? Ou os norte-americanos, anfitriões do Pan em 1987, não consideravam a possibilidade de perderem aquela medalha de ouro?

“Acabou o jogo e não tinha o hino. Foi o momento mais interessante daquela aventura de vencer os EUA”, diverte-se o Mão Santa.

Oscar diz que ouviu, por várias vezes, o hino dos EUA sendo ensaiado durante o aquecimento.

O hino do Brasil não vi ensaiar uma vez. Dissemos: ‘Só vamos entrar se tiver o hino, senão não vamos entrar. Vocês que se virem’. Foram buscar no campo de futebol, demoraram um tempão pra voltar com o hino. Essa foi uma satisfação tremenda, porque a gente exigiu”.

Cafu também não esquece

Aos 17 anos, o então desconhecido Marcos Evangelista de Morais acompanhou pela televisão aquela partida memorável. Futuramente, ele se tornaria Cafu, o capitão do pentacampeonato mundial no futebol.

O craque dos campos define a atuação de Oscar, Marcel, Israel, Guerrinha, Gérson e os demais atletas brasileiros como o maior momento que viu no esporte.

“Eu gosto de basquete. Lembro do show da seleção brasileira, do Oscar metendo a cara nos americanos, encarando os caras de igual para igual. Aquele Pan-Americano contagiou todo o povo brasileiro”, comenta o ex-lateral-direito.

PARA BICAMPEÃO MUNDIAL, NÃO FOI O MAIOR FEITO DO BASQUETE BRASILEIRO

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ESPORTE(ponto final)

As entrevistas com Oscar Schmidt, Cafu e Amaury Pasos foram realizadas pelo ESPORTE(ponto final), um canal produzido a partir de depoimentos de ídolos sobre os grandes momentos do esporte.

A cada semana, novos episódios serão lançados na página especial do ESPORTE(ponto final). E você também pode acompanhar nas mídias sociais: youtube.com/esportepontofinal e facebook.com/esportepontofinal.

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