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Investigação do FBI inclui escolhas de Rússia e Qatar, diz autoridade dos EUA

Mark Hosenball e Katharina Bart

Da Reuters

03/06/2015 13h16

A investigação da procuradoria de Nova York sobre a corrupção Fifa inclui uma análise de como a organização responsável pelo futebol mundial decidiu conceder a Copa do Mundo de 2018 à Rússia e o Mundial seguinte, em 2022, ao Qatar, disse uma autoridade norte-americana nesta quarta-feira.

A autoridade, que falou sob condição de anonimato, disse à Reuters que investigar a escolha das sedes dos próximos torneios fará parte de um inquérito que vai além dos indiciamentos anunciados na semana passada de dirigentes do futebol e empresários de marketing esportivo. Além dos EUA, autoridades suíças já estão investigando a escolha das sedes dos Mundiais de 2018 e 2022.

A investigação da procuradoria de Nova York, em parceria com a Receita dos EUA e o FBI, já prendeu nove cartolas, sete deles em Zurique, na semana passada, dois dias antes da eleição para presidente da Fifa. Além deles, outros cinco dirigentes foram indiciados por crimes como fraude fiscal e lavagem de dinheiro. Entre os detidos na Suíça está José Maria Marin, vice-presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol). 

Rússia e Qatar negaram qualquer delito na condução de suas campanhas. No caso do Qatar, houve alguma surpresa com a concessão da sede do Mundial a um pequeno país desértico sem tradição futebolística e onde as temperaturas durante o dia no verão podem ultrapassar os 40 graus Celsius.

O ministro das Relações Exteriores do Qatar, Khaled al-Attiyah, disse que de maneira nenhuma o país será privado do direito de sediar a Copa porque fez a melhor proposta.

“É muito difícil para alguns engolir que um país árabe islâmico tenha este torneio, como se um Estado árabe não pudesse ter este direito”, afirmou ele à Reuters em uma entrevista em Paris. “Acho que é por causa do preconceito e do racismo que temos essa campanha de agressão contra o Qatar”.

De sua parte, a Rússia minimizou os temores de que possa perder o direito de organizar o evento. “A cooperação com a Fifa está em andamento e, o que é mais importante, a Rússia continua com os preparativos para a Copa de 2018”, declarou Dmitry Peskov, porta-voz do presidente russo, Vladimir Putin.

Entre as questões que o FBI está examinando está a liderança do presidente da Fifa, Joseph Blatter, que na terça-feira anunciou subitamente estar renunciando pouco antes de vir à tona que ele mesmo está sendo investigado pelas autoridades norte-americanas – que na semana passada disseram que sua investigação irá continuar.

Uma fonte próxima à Fifa disse que foram os assessores de Blatter que o aconselharam a abandonar o posto. Críticos apontaram como possíveis razões a investigação criminal cada vez mais abrangente, o desassossego entre os patrocinadores e a pressão da Uefa.

Alerta da Interpol

A Interpol colocou dois ex-dirigentes do alto escalão da Fifa em sua lista de procurados a pedido das autoridades norte-americanas: Jack Warner, ex-chefe da Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caribe (Concacaf), e Nicolás Leoz, ex-chefe da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol).

Os outros sujeitos a ‘alertas vermelhos’ – que não são mandados de prisão – são Alejandro Burzaco, Hugo e Mariano Jinkis e José Margulies, brasileiro que liderou duas empresas envolvidas na transmissão de jogos de futebol.

Blatter, de 79 anos, anunciou sua decisão de entregar o cargo na terça-feira, seis dias depois de a polícia fazer uma operação em um hotel de Zurique e prender sete dirigentes da Fifa – entre eles o brasileiro e ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) José Maria Marin – e quatro dias depois de ele ter sido reeleito para um quinto mandato à frente da organização.

Blatter não recebeu nenhuma acusação, e a Fifa não respondeu a um pedido de comentário sobre uma investigação de seu mandatário.

Uma eleição para escolher um novo presidente provavelmente não irá acontecer antes de dezembro, e enquanto isso o suíço permanece na função.

Entre os candidatos em potencial, o chefe da Uefa e ex-jogador francês Michel Platini é o favorito. O príncipe jornaniano Ali Bin Al Hussein, que desistiu de concorrer à eleição presidencial da semana passada após obter 73 votos diante dos 133 de Blatter na primeira rodada, não chegou a confirmar se será candidato novamente.

Chung Mong-joon, bilionário do conglomerado sul-coreano

Hyundai, disse que irá estudar se participa da corrida. Outros possíveis candidatos incluem Domenico Scala, presidente independente do comitê de auditoria da Fifa, os ex-jogadores Zico, Diego Maradona e Jérôme Champagne, um ex-diplomata francês e vice-secretário-geral da Fifa e o alemão Wolfgang Niersbach, ex-chefe de mídia da entidade.