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ENTREVISTA-Tem uma parte do Brasil que opera direito, diz Paes sobre preparação olímpica

Por Pedro Fonseca
Imagem: Por Pedro Fonseca

04/08/2015 18h25

(Repete sem alterações texto publicado na terça-feira)

Por Pedro Fonseca

RIO DE JANEIRO (Reuters) - Contrariar o histórico de que grandes obras no Brasil sempre são feitas com atrasos e estouro de orçamento é tudo que busca o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, na preparação da cidade para receber os Jogos Olímpicos de 2016.

Escaldado pela avalanche de críticas à preparação do país para a Copa do Mundo de 2014, em que praticamente todos os estádios foram entregues fora do prazo e acima do custo original, Paes estabeleceu como objetivo mostrar que grandes projetos podem ser executados no país sem maiores sobressaltos.

Para isso, levou para a prefeitura a responsabilidade por construções que antes eram dos governos federal e estadual, temendo que as obras só saíssem do papel em cima da hora e assim repetissem o traumático processo de preparação para o Mundial.

A um ano da abertura dos Jogos Olímpicos, que terão custo total estimado em mais de 38 bilhões de reais, Paes se orgulha de dizer que "todas as obras da Olimpíada vão ficar prontas".

“Toda vez que a gente sentir que o Brasil atrasa, a gente vai tomar a dianteira e vai fazer. A gente não quer uma história ruim para o Rio de Janeiro. O Brasil não é todo com falta de planejamento, com sobrepreço e sem compromisso com dia, data e hora. Tem uma parte do Brasil que opera direito”, disse o prefeito em entrevista à Reuters nesta terça-feira, véspera do dia que marcará a contagem regressiva de um ano para a abertura dos Jogos.

"Eu não tinha responsabilidade nem de fazer o Parque Olímpico da Barra, e quando eu percebi que iam deixar para decidir depois da Copa, que não ia dar tempo ou, se desse, naquela fortuna que a gente conhece, trabalhando sete dias por semana e 24 horas por dia, ali a gente tomou a dianteira e foi lá e fez", acrescentou.

De volta de uma semana de férias com a família e com a agenda recheada de compromissos relacionados à data-chave para os Jogos, Paes garante que a grande maioria das obras está dentro do cronograma, mesmo diante de um cenário nacional de incertezas.

A crise econômica atravessada pelo país e o envolvimento de empreiteiras responsáveis por construções olímpicas no esquema de corrupção investigado pela operação Lava Jato trouxeram novos desafios, mas o prefeito disse que tem 200 milhões de reais em pagamentos adiantados a construtoras para garantir que as obras não percam o cronograma.

"Temos um prefeitura estável. Não estamos na Suíça ou na Alemanha, estamos no Brasil, é óbvio que sentimos os efeitos da crise também, mas... tem muito dinheiro privado e um caixa organizado", disse o prefeito.

Na quarta-feira, Paes participará de uma cerimônia oficial com a presidente Dilma Rousseff e o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, para marcar o início da contagem regressiva final para a Olimpíada.

Segundo o prefeito, a organização do evento já passou da etapa de se preocupar com o andamento das obras para entrar no processo de preparação da logística da cidade para os 15 dias de realização do evento.

"Saímos da preocupação sobre o fim das obras. Todas ficarão prontas, pode ser que umas uma semana a mais ou duas semanas a menos, algo absolutamente normal. Temos menos preocupação com obra e mais com operação. Estou super otimista, mas permanentemente vigilante, igual escoteiro, e, como se diz aqui no Rio, esperto."

(Reportagem adicional de Rodrigo Viga Gaier)