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Preservar amizade com Kanaan está entre os cinco desafios de Rubinho na Indy

Rubens Barrichello posa com o macacão de sua nova equipe, a KV Racing - AFP PHOTO/Vanessa CARVALHO
Rubens Barrichello posa com o macacão de sua nova equipe, a KV Racing Imagem: AFP PHOTO/Vanessa CARVALHO

Rafael Krieger

Do UOL, em São Paulo

02/03/2012 06h00

Aos 39 anos, Rubens Barrichello aceitou o desafio trocar de categoria e correr uma temporada inteira na Fórmula Indy logo em seu ano de estreia. Na verdade, trata-se de muitos desafios em um só. A adaptação técnica será apenas o primeiro. Depois, ele ainda vai ter que lidar com um novo tipo de rivalidade interna. Só que, desta vez, entre amigos (ou irmãos, como ele próprio diz). Confira a lista:

ADAPTAÇÃO À MECÂNICA DIFERENTE

Desde 2010, Rubinho corria com um chassi Williams, motor Cosworth e pneus Pirelli ou Bridgestone. O carro novo é um Dallara com propulsor Chevrolet e pneus Firestone. As diferenças não param por aí. O próprio Rubinho revelou que quase estourou o motor Turbo da Indy durante um teste, porque pensou estar em um Fórmula 1 e ultrapassou o limite de giros. O controle da temperatura dos pneus Firestone, de composição bem diferente da Pirelli, também deverá dar trabalho para o novo piloto da KV nas primeiras corridas.

ACERTO DO CARRO PARA OS OVAIS

Rubinho terá nos próximos testes suas últimas oportunidades de aprender a domar o novo carro. Depois, o piloto precisará ajustar esse carro a um tipo completamente diferente de traçado: os ovais. Ele próprio se considera um “novato” nessas pistas, já que a pressão aerodinâmica é drasticamente menor do que em qualquer outro circuito da Fórmula 1, categoria em que Barrichello tinha como um de seus trunfos justamente a inteligência no acerto e desenvolvimento do carro. Na Indy, ele vai começar do zero já nos circuitos mistos. Os ovais, que exigem um acerto completamente diferente, serão uma incógnita para o brasileiro.

FAMILIARES TÊM MEDO

Falando em ovais, Rubinho terá uma preocupação a mais neste tipo de circuito. Depois da morte de Dan Wheldon, qualquer batida nessas pistas será vista de uma maneira diferente, com mais preocupação. Não é só a mulher Silvana (foto) que teme as corridas no estilo da Indy 500. “Na verdade o receio sempre existiu e vai existir, porque o automobilismo é sinônimo de risco, mas a gente tem que ter fé e acreditar que as coisas vão dar certo”, disse Rubens, o pai do piloto.

AMIZADE COM KANAAN

Mais uma experiência totalmente nova para Rubinho: pela primeira vez em sua carreira, ele será colega de um amigo de verdade, que ele considera um irmão. Como lidar com essa amizade dentro das pistas, sabendo que a rivalidade entre companheiros de equipe é justamente a mais acirrada?

Barrichello deu uma pista: “Disse para ele que nunca fui mole, sempre fui aguerrido na pista, de atacar por dentro da curva e tal, mas que para ele eu dava uma amolecida. E ele falou: ‘Tá joia, obrigado’. Ai eu falei: ‘não, espera aí’. Então já decidimos que até podemos nos bater, mas quando tirar o capacete estaremos abraçados, com todo o respeito que a gente tem um pelo outro”.

MAIS VELHO DA CATEGORIA

Superados todos esses desafios, ao final do ano Rubinho estará em uma nova encruzilhada: o que fazer depois? Assim como na Fórmula 1, Barrichello é o piloto mais velho de todo o grid da Indy, o que pesa em qualquer decisão de renovação de contrato.

Mas o exemplo de Michael Schumacher mostrou que a idade não é impedimento para um possível retorno. A julgar pela atitude de Rubens em procurar outro horizonte mesmo após o fim da linha na F-1, a aposentadoria ainda está longe. Mas o futuro de um piloto com mais de 40 anos sempre estará em dúvida.

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