Barrichello esquece tensão e espionagem da F-1 e apresenta em SP o "Rubinho relax da Indy"

A poucos dias de virar um quarentão, Rubens Barrichello assegura viver o momento mais entusiasmado da carreira para a volta às pistas brasileiras neste final de semana, na etapa da Indy no país. Depois de três corridas na nova categoria, o piloto deve apresentar em São Paulo uma versão mais relaxada, já desvinculada do universo de pressão massacrante da Fórmula 1, conhecida por golpes que nem sempre são os mais limpos.

Na última quinta-feira, Rubinho apareceu pela segunda vez na vida no Anhembi, local que havia conhecido na prova do ano passado, ainda na condição de torcedor. O piloto da KV Racing participou de uma descontraída entrevista coletiva ao lado de outros três brasileiros da categoria e admitiu a fase mais serena, mencionando a obsessão por espionagem que testemunhou nos ares da F-1.

"Nos testes da Indy em Sebring [circuito na Flórida, EUA], um dia estávamos nos boxes e vi um cara com uma câmera apontada para dentro do carro, filmando tudo. Corri para cima do responsável pela equipe e falei: 'olha lá o cara com a câmera'. Ele me disse: 'calma, aqui isso pode'", afirmou o piloto de 39 anos [vira quarentão em 23 de maio].

São Petersburgo, Alabama e Long Beach foram as etapas que ofertaram a Barrichello uma boa amostra da essência da vida na Fórmula Indy. Nas três corridas, o brasileiro da KV Racing recebeu as boas vindas da categoria, com pilotos frequentando boxes de equipes adversárias, em cenário impensável na competitividade da F-1. O escocês Dario Franchitti foi uma das visitas comuns. Assim, a mudança acima dos ombros de Rubinho se apresentaram claras para as pessoas mais próximas do veterano.

"Ele sentiu um respeito maior, sentiu o pessoal bem mais aberto, mais amigo. O Rubinho se surpreendeu com tantas pessoas desejando boas vindas para ele quando chegou. O clima é completamente diferente do que ele estava acostumado", relatou Tony Kanaan ao UOL Esporte em evento na última segunda-feira.

É exatamente dentro da equipe KV Racing que Barrichello experimenta a maior reviravolta da experiência nos bastidores do automobilismo. Habituado com a bruta competição interna nas escuderias da F-1, o brasileiro divide boxes com o amigo de infância Tony Kanaan [e com o venezuelano EJ Viso].

Na coletiva de quinta-feira, Rubinho esboçou comentar uma de suas relações mais complicadas em seus 19 anos de Fórmula 1. Mas, no meio do discurso, acabou não revelando o nome do companheiro em questão, mas fez questão de evitar que os interlocutores pensassem que se tratava de Michael Schumacher.

"Não é nem questão de comparar. Na Fórmula 1 eu tinha um companheiro, que nem é o que vocês estão pensando... É bem diferente. Eu conheço o Tony desde que a gente tinha dez anos, a gente vive brincando, somos as crianças da equipe. Em Long Beach eu tranquei ele dentro do banheiro químico pouco antes da largada", declarou.

Nos dias que antecedem a prova em São Paulo, Barrichello participou ao vivo de programa na TV Bandeirantes, onde sentiu a gratidão pelo impacto de seu nome no crescimento de audiência da Indy. Na noite de quarta, compareceu à festa de aniversário do amigo Felipe Massa e lidou com a expectativa dos convidados em relação a seu desempenho no domingo.  

Dentro do clima amigável da Indy e da expectativa local pela prova de domingo, Barrichello manifestou na quinta a ansiedade para reencontrar o público de seu país, acostumado a vê-lo em Interlagos. "Ainda não sei como vai ser andar pelo circuito e sentir a recepção das pessoas. É muito grande. Quero muito ver como será", afirmou.