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Acidente gera tumulto e vândalos atacam carro com paus e pedras após prova em SC; assista

Circuito de Lontras, onde foi disputada etapa do Campeonato Catarinense - Divulgação/Fauesc
Circuito de Lontras, onde foi disputada etapa do Campeonato Catarinense Imagem: Divulgação/Fauesc

Pedro Taveira

Do UOL, em São Paulo

07/05/2012 14h00

BATIDA ENTRE SPÉZIA E MEES EM LONTRAS

Um acidente durante a segunda etapa do Campeonato Catarinense de Automobilismo terminou em confusão depois da prova no último sábado, em Lontras. Após uma batida entre os pilotos Alexandro Spézia e Leopoldo Mees, o parque fechado do autódromo foi invadido por vândalos, que, com paus e pedras nas mãos, depredaram o carro de Spézia.

Mees estava na liderança da corrida quando foi atingido por Spézia em uma curva e capotou. O piloto não sofreu ferimentos, mas abandonou a prova. Spézia continuou e terminou em segundo lugar. Ao chegar no parque fechado, lugar de acesso restrito a pilotos, comissários e membros das equipes, ele teve seu carro atacado com pauladas e pedradas, além de chutes e socos.

Segundo relatos do assessor de imprensa da Federação de Automobilismo de Santa Catarina (Fauesc), Francis Trennepohl, e de Spézia, familiares e amigos de Mees estavam entre os agressores.

“O local foi invadido por pessoas da equipe, amigos e parentes do Leopoldo. Esse pessoal indignado partiu para cima”, disse Trennepohl. “Quando eu cheguei, pularam a cerca com pedaços de pau. Se não tivesse o pessoal da polícia lá, acredito que teria sido bem pior, teriam me linchado”, contou Spézia, que não ficou ferido.

Mees negou que seus parentes estivessem entre os vândalos e alegou que os agressores eram apenas torcedores e sequer conhecia muitos deles. O piloto, inclusive, foi ao local para conter a confusão.

“Não havia nenhum membro da minha equipe. Meus mecânicos estavam nos boxes. Muitas pessoas vão ao autódromo torcer por mim e têm camisas dadas por patrocinadores. Mas muitas das que estavam ali eu nem conhecia”, afirmou Mees. “O Alexandro sabe que se eu não estivesse por lá teria ocorrido o pior”, completou.

Como punição, Mees foi excluído da terceira etapa do Campeonato, realizada no domingo, também em Lontras. A pena se deu porque os pilotos são responsabilizados por todos aqueles que frequentam suas áreas de boxes.

DISCÓRDIA SOBRE BATIDA

Motivo da confusão após a segunda etapa do Campeonato Catarinense de Automobilismo, a batida entre Alexandro Spézia e Leopoldo Meer foi encarada como normal pela Federação de Automobilismo de Santa Catarina (Fauesc), o que gerou discórdia entre os pilotos.

Mees liderava a corrida quando foi atingido por trás em uma curva. Seu carro capotou e ele abandonou a prova. Nenhuma punição foi aplicada a Spézia pelo incidente, que prosseguiu na disputa e terminou na segunda colocação.

“O que me deixa revoltado é que o toque dele foi considerado normal de corrida. Eu estava pelo menos 20 metros na frente e não existe porque eu fazer um traçado defensivo”, afirmou Mees.

“Fiz um traçado que entendo ser mais rápido. Acredito que ele tentou retardar muito a freada e eu fui atingido. Se eu não estou ali, ele passa reto”, explicou o piloto.

Já Spézia vê de forma diferente: “Eu tenho um ponto de vista que ele deixou espaço para eu ultrapassar. Ele acha que, não, mas tudo bem. A Federação vai decidir”, disse.

Já Spézia estuda com seu advogado a possibilidade de registrar um Boletim de Ocorrência. Não contra Mees, mas acusando o autódromo de Lontras por não fornecer segurança aos pilotos. Sua equipe também deve cobrar da administração do local a indenização pelos danos ao veículo.

Em desacordo sobre a batida durante a prova, Spézia e Mees indicaram dois pontos em comum que podem explicar o ato de vandalismo: o consumo de bebidas alcoólicas na região dos boxes do autódromo e a falta de seguranças no local.

Proibido em regulamento pela Fauesc, o consumo e até a comercialização de álcool são frequentes nas corridas, segundo os pilotos.

“É um problema que a Federação sempre enfrentou. O pessoal sempre acaba dando um jeito de entrar com bebida”, falou Spézia. “Há não só consumo, como também comercialização. Infelizmente, é uma tradição no automobilismo de Santa Catarina”, disse Meer.

Com relação à segurança, ambos alegaram que não havia pessoas contratadas para evitar eventuais tumultos. A Fauesc admitiu falta de preparo “porque nunca tinha acontecido uma coisa dessas”, mas passou a responsabilidade pela segurança  para o autódromo.

Presidente do Automóvel Clube de Lontras, Jair Francisco rechaçou que houvesse consumo nos boxes, mas admitiu que o mesmo não pode ser dito sobre a área do motor home, onde são é comum a confraternização entre amigos e parentes dos pilotos.

“Essas pessoas estão ali porque receberam credenciais dos pilotos. Se foi facilitado (o consumo), foi pelos pilotos”, disse Francisco.

Sobre a segurança, Francisco afirmou que havia 50 seguranças particulares, além de viaturas da Polícia Militar, fiscalizando o parque fechado. Apesar de não evitarem a invasão, o dirigente disse que o pior foi evitado graças a essas medidas preventivas. Ainda de acordo com ele, os envolvidos foram identificados e um inquérito já foi aberto.