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Filha de Gil de Ferran vira cantora e grava música com 'ajuda' de um F1

Maurício Dehò

Do UOL, em São Paulo

22/04/2014 06h00

O sobrenome De Ferran tem muita história na Fórmula Indy e certamente deixou saudades para quem acompanha a modalidade, depois dos dois títulos de Gil. 2014 marcou um retorno da família à maior categoria de monopostos dos EUA. Mas não com o piloto, nem nas pistas. Quem tem frequentado os fins de semana de corrida é Anna de Ferran, com microfone em punho tenta uma carreira bem diferente da do pai, como cantora.

Anna é uma jovem de 19 anos, que nasceu na Inglaterra, quando Gil de Ferran ainda lutava para se encontrar na carreira de piloto. Alternando períodos de residência na Europa e nos EUA, por causa da carreira do pai, ela se viu tentada a seguir duas carreiras: seus sonhos de garotinha variavam entre ser uma cantora profissional ou uma espiã. A primeira opção prevaleceu, e com a inspiração do pai para gravar uma música em que ela faz “dueto” com um carro de F1.

A composição em questão se chama “Drive” e começou a ser criada em um fim de semana de corrida, quando a cantora acompanhou o pai em um evento da Indy em Sonoma.

“Eu tive essa ideia durante esse evento em Sonoma e logo que voltei para a Inglaterra fui escrever a música com o produtor. Ele achou uma boa ideia quando falei em ter som de carros. Então fomos pegar um carro de F1, um V10, gravamos e depois começamos brincando com batidas diferentes”, conta a inglesa.

“As letras são especiais para mim, porque quando você está num carro, rápido, é uma sensação única que não dá para trocar”, acrescenta ela, que com um EP começou uma carreira de cantora que vinha se desenhando há anos.

Ainda garotinha, Anna dava seus shows particulares no banco de trás do carro. Decorava letras dos sucessos do momento e fazia dos pais sua plateia particular. Até que aos 14 anos passou a levar a coisa a sério.

“Eu estava na escola e tinha uma banda. Nós começamos a escrever algumas coisas e gravar e alguns produtores começaram a entrar em contato. O grupo acabou não funcionando, mas foi o começo para mim”, conta Anna, ao UOL Esporte, esforçando-se e falando um português quase perfeito, apesar de só vir ao Brasil para visitar a família e, portanto, carregar um forte sotaque inglês.

A busca por uma carreira séria a fez dar um tempo nos estudos ao completar o Ensino Médio. No último ano, a sua rotina foi dedicada a dar a largada ao sonho: muitas horas de composição e de estúdio, gravando o que escreveu ao lado de produtores. As influências principais são o pop e a música eletrônica. O gosto foi forjado a princípio pelo rock que o pai ouvia – como Beatles e Pink Floyd –e depois pela música pop, ouvindo Coldplay, OneRepublic e boa parte das divas da música norte-americana.

Além de compor e gravar, a filha do famoso piloto tem feito algumas apresentações para apresentar seu primeiro EP, e o número de shows deve aumentar quando lançar seu primeiro álbum. A principal destas apresentações foi justamente com uma mãozinha do pai, num fim de semana de Fórmula Indy. Em St Petersburg, ela encarou o frio na barriga de cantar para seu maior público, e interpretou “God Bless America”. Ela ainda deveria ter apresentado um set completo de suas músicas, em outro momento, mas a chuva cancelou o show.

“Foi superlegal. Nunca tinha cantado para tantas pessoas”, comemorou Anna, que sempre esteve no ambiente de trabalho do pai. “Eu adoro ir para a pista. Curto a Indy, a F1. Gosto de fazer coisas diferentes, ser diferente acima de tudo. Meu pai tem ajudado, é claro que seu nome ajuda um pouquinho. Mas ele não sabe muito desta área musical, então é algo que eu e minha mãe temos trabalhado com seu apoio. Ele gosta da minha música e acredita muito em mim.”

“Cantar é algo muito forte no dia a dia dela. Ela sempre gostou, cantava muito e tem uma memória fantástica para as letras. E ela é uma pessoa muito criativa – estou sendo o pai coruja aqui”, riu Gil de Ferran. “Ela gosta tanto de criar quanto gosta de cantar e se apresentar. A música é uma maneira de expressas essa criatividade.”

O piloto conta que o apoio dado à filha é mais do que mirando o sucesso, ou que ela vire uma estrela internacional. “Eu vejo essas coisas da seguinte maneira: o fracasso, o erro são sempre possibilidades reais. O que falo para meus filhos é que isso não significa que você não deve tentar. Mesmo se não der em nada, quando ela estiver com 30, 40 anos, vai saber que se esforçou e tentou. Conforme você anda por esse caminho atrás dos seus sonhos, você aprende muitas coisas. Então, mesmo se não for levar aonde você inicialmente desejava, tudo isso vai ensinar à Anna muitas coisas”, conclui o ex-piloto, hoje consultor no mercado do automobilismo.