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Destaque da Superliga, cubana diz que árbitros a perseguem por antiga rivalidade com o Brasil

Cubana Herrera gesticula durante partida do Usiminas/Minas na Superliga feminina - Alexandre Arruda/CBV
Cubana Herrera gesticula durante partida do Usiminas/Minas na Superliga feminina Imagem: Alexandre Arruda/CBV

Luiz Paulo Montes

Do UOL, em São Paulo

30/03/2012 06h00

Brasil e Cuba protagonizaram a maior rivalidade do vôlei feminino nos anos 90. Em 1996, na Olimpíada de Atlanta, tanta rivalidade acabou em briga, após vitória das caribenhas na semifinal daquele torneio. Naquele ano, Yusleyni Herrera tinha só 12 anos, e assistiu pela televisão a confusão. Neste ano, ela é, pelo segunda vez consecutiva, a maior pontuadora da Superliga. Mas acredita que, em quadra, sofre com os "reflexos" da antiga rivalidade entre Brasil e Cuba. 

VIRNA VÊ CUBANAS SENDO INJUSTIÇADAS

  • Ormuzd Alves/Folha Imagem

    Na épica briga entre brasileiras e cubanas em 1996, na Olimpíada de Atlanta, Virna, ex-jogadora, fazia parte do grupo e presenciou a confusão. Mais do que isso: viveu de perto toda a rivalidade, que durou anos. Para ela, Herrera e Daymi estão sendo injustiçadas. "Assisti ao jogo e não teve nada demais. O árbitro realmente foi muito severo com ela."

    Virna, porém, acredita que a antiga rivalidade não vá voltar à tona mesmo com as confusões recentes. "Aquela geração delas era muito catimbenta, elas eram treinadas para nos provocar. Hoje não existe mais isso, elas querem só jogar".

Em entrevista ao UOL Esporte, Herrera, bastante irritada ao falar sobre o assunto, declarou que sente-se perseguida pela arbitragem da competição nacional. E não é só ela. Daymi Ramirez, oposto também do Minas, também tem sofrido com os árbitros, de acordo com Herrera. No sábado, no primeiro jogo da semifinal contra o Sollys/Nestlé, Daimy levou o terceiro cartão amarelo e está suspensa do segundo jogo, que acontece nesta sexta-feira, às 18h45. 

"O juiz (Sílvio Silveira) deu um cartão amarelo injusto para a Daymi. O que fizeram contra nós em Osasco foi ridículo. O árbitro fez de propósito. Parece que nós somos as culpadas de tudo porque somos cubanas. É preconceito. Lembro das disputas de antigamente, da rivalidade. O problema é que agora estão descontando aquilo que acontecia na gente, aqui no Brasil", desabafou Herrera, autora de 447 pontos até o momento.

A reportagem tentou contato com Josebel Palmeirim, responsável pela Comissão de Arbitragem da Superliga, mas ninguém atendeu ao telefone. 

Herrera, confirmada para a partida desta sexta, que pode colocar o Osasco na final da competição, insiste que ela e sua compatriota estão sendo perseguidas pela arbitragem, inclusive em outros jogos do torneio. E, acusadas por algumas jogadoras de provocarem durante as partidas, a cubana se defende. "Nós viemos para o Brasil apenas para jogar vôlei, não para criar problema ou brigar com as pessoas. Nós provocamos? Elas (brasileiras) também. Mas é tudo contra a gente, tudo culpa nossa. O juiz olhava para a gente (em Osasco) já querendo dar cartão, sem abrimos a boca", criticou a jogadora.

A rivalidade entre brasileiras e caribenhas é bastante antiga. O ápice foi nos Jogos Olímpicos de Atlanta-1996, quando, após vitória das cubanas na semifinal, as jogadoras das duas seleções se estranharam ainda na rede e trocaram até algumas agressões. Na época, a seleção contava com Fernanda Venturini, Fofão, Ana Moser, Márcia Fu, Virna, Leila, entre outras. Naquela época, as cubanas dominavam o vôlei feminino e chegaram a conquistar três vezes seguidas as Olimpíadas (1992, 1996 e 2000).