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Presidente da CBV critica ginásios "precários e antigos" e torcidas de futebol na Superliga

Ary Graça, presidente da CBV, durante premiação da Superliga masculina - Cinara Piccolo/VIPCOMM
Ary Graça, presidente da CBV, durante premiação da Superliga masculina Imagem: Cinara Piccolo/VIPCOMM

Luiz Paulo Montes

Do UOL, em São Paulo

23/04/2012 06h00

A decisão da Superliga masculina inicialmente estava marcada para o Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, que tem capacidade para quase 11 mil torcedores. A reserva da data foi feita pela CBV (Confederação Brasileira de Vôlei), mas os responsáveis pelo ginásio optaram por, nesta data,  realizar o show "Batman Live". Assim, a final, entre Cruzeiro e Vôlei Futuro, foi transferida para São Bernardo (ginásio com 5.600 lugares). A situação irritou bastante Ary Graça, presidente da CBV, que foi além, e criticou o fato de o país não ter um espaço do mesmo tamanho, capaz de receber esse tipo de jogo.

Em entrevista após a vitória dos mineiros, o dirigente disparou contra a falta de modernidade dos ginásios, e pediu que o país aproveite o momento, já que vai receber Copa do Mundo e Jogos Olímpicos, e construa novos ginásios. "Tínhamos que aproveitar esses eventos não só para construir estádios. Com um décimo deste dinheiro, se constrói um ginásio perfeito. São Paulo não tem um decente. O que tem, é para usar para outras atividades. E é de 1963. Como você pode exigir algo do torcedor se entrega a ele um ginásio tão precário e antigo?", questionou Graça.

A motivação das críticas do presidente foi o excesso de problemas relacionados a ginásios neste edição da Superliga. Montes Claros e Cimed/Sky sofreram com problemas de estrutura, chegando até a protagonizar um vexame em rede nacional, com ventiladores e panos sendo usados para secar uma umidade no Capoeirão, em Florianópolis. Já os mineiros sofreram com seguidos problemas de goteiras e foram multados pela reincidência.

Para a próxima temporada, a CBV promete fechar o cerco para estruturas precárias. Antes do início da temporada, uma vistoria rígida deve ser feita nas quadras de todas as equipes. Em caso de algum problema, haverá um tempo para os ajustes que tiverem de ser feitos. O Mineirinho, em Belo Horizonte, foi alvo de críticas de Ary Graça. Para ele, é "absurdo" o fato de a reforma no complexo estar sendo feita somente no Mineirão, estádio de futebol. "Com menos de 5% reforma-se o Mineirinho e teríamos o maior do mundo", afirmou.

'TORCIDA DE FUTEBOL' NO VÔLEI PREOCUPA ARY: "TEMOS QUE EDUCÁ-LOS"

  • Alexandre Arruda/CBV

    Quase mil torcedores do Cruzeiro vieram de Minas para São Bernardo para acompanhar a decisão da Superliga. Entre elas, aproximadamente 100 da torcida organizada Máfia Azul. Durante a execução do hino nacional, os organizados esboçaram um grito de guerra, mas foram rapidamente contidos. Em outro momento, quando o trecho "a imagem do Cruzeiro resplandece" tocou, a torcida a entoou com gritos. Depois, as faixas da Máfia Azul espalhadas pelo ginásio foram recolhidas pelos seguranças, a pedido da Confederação Brasileira.

    "Eu não quero saber de briga aqui dentro. O meu esporte é de família, e não tem isso de faixa. Para evitar qualquer tipo de problema com essa torcida de futebol, coloquei 100 homens da Polícia Militar e 200 seguranças aqui. E trouxe todo o Tribunal de Justiça Desportiva para cá. Qualquer problema seria julgado imediatamente. Não quero que torcida de futebol tome conta do vôlei", revelou Ary Graça.

    A intenção da entidade, no entanto, não é extinguir as organizadas de futebol dos ginásios durante a próxima temporada da Superliga. A ideia do presidente é outra: educar os torcedores e fazer com que eles saibam torcer no vôlei. De acordo com Ary, os mineiros tiveram comportamento exemplar na decisão, apesar do incidente no hino, e deu mostras de que está aprendendo a torcer. "Não quero extinguir ninguém. Nós temos é que educá-los. Hoje, vimos uma torcida educada e disciplinada já".