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Zé Roberto diz não ter mágoa de Bernardinho e ensaia reconciliação após sete anos

José Roberto Guimarães participou nesta sexta-feira do UOL Esporte Entrevista - Leonardo Soares/UOL
José Roberto Guimarães participou nesta sexta-feira do UOL Esporte Entrevista Imagem: Leonardo Soares/UOL

Luiz Paulo Montes e Priscila Gomes

Do UOL, em São Paulo

17/08/2012 18h00

Dois dos principais técnicos do país não se falam. José Roberto Guimarães e Bernardinho, treinadores das seleções feminina e masculina de vôlei, respectivamente, estão afastados desde meados de 2005. Sete anos mais tarde, porém, essa situação deve acabar. Pelo menos no que depender de Zé Roberto, bicampeão olímpico no comando das brasileiras, em Londres.

Nesta sexta-feira, ele participou do UOL Esporte Entrevista e revelou que, hoje, mais maduro, gostaria de reatar sua relação com Bernardinho, pelo bem, inclusive, do vôlei brasileiro. Atualmente, Zé ressaltou que não há relação nenhuma entre os dois, apesar da grande amizade que tiveram no passado, quando, inclusive, chegaram a jogar juntos em uma seleção universitária.

"Tivemos problemas no decorrer de nossas vidas. Mas acho o seguinte: a gente amadurece, cresce, começa a ver onde erramos. Isso faz parte. Ele errou do lado dele, eu errei do meu. É questão de tempo para sentarmos e conversamos. Não tenho rancor, passou. São momentos da vida. Seria positivo uma reconciliação nossa. O Ary (Graça, presidente da Confederação Brasileira), falou que ia nos reaproximar. Talvez não tenhamos mais a amizade que já tivemos, de um emprestar o carro para o outro. Mas seria bom para o vôlei do país", declarou o técnico.

"Eu admiro muito o trabalho dele como técnico, por tudo que ele fez na seleção e no clube", elogiou o comandante, que ainda não se decidiu se ficará no comando da equipe para o próximo ciclo olímpico. Questionado, então, quem é o melhor entre ele e Bernardinho, Zé Roberto não titubeou: "Acho que ele é melhor. Os títulos falam por si só. Tudo o que ele já fez, conquistou... A carreira dele é muito vitoriosa".

O conflito entre os dois começou após os Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004. O treinador bicampeão olímpico trocou farpas com Fernanda Venturini, ex-levantadora e esposa de Bernardinho, e disse que influências externas de "maridos-técnicos" atrapalhavam sua equipe. Boatos, à época, indicavam que Venturini levava DVDs do time feminino para seu marido avaliar e palpitar. 

Com a ex-jogadora, a relação ficou estremecida e chegou a ser cortada. Houve a reaproximação posteriormente e ela chegou a se oferecer para voltar a ser convocada e disputar a Olimpíada de Pequim, em 2008. Zé Roberto, no entanto, manteve o grupo que participou de todo o ciclo até chegar à Olimpíada. 

Em 2011, em uma entrevista à Folha de S. Paulo, Bernardinho chegou a dizer que não tinha qualquer intenção de voltar a se relacionar com o companheiro de profissão. A interferência do presidente da CBV, porém, e a vontade de um lado envolvido podem mudar este cenário. 

Os dois técnicos, aliás, se encontrarão em quadra como adversários na próxima temporada da Superliga feminina. José Roberto Guimarães assumiu o comando do Amil Vôlei, de Campinas, equipe montada para essa edição do torneio nacional. Enquanto isso, Bernardinho segue treinando a Unilever, do Rio de Janeiro, atual vice-campeã da competição.