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Vice-campeão da Superliga detona Globo e poder financeiro de adversários

Sada Cruzeiro perdeu a decisão da Superliga para o RJX, equipe criticada pelo presidente  - Rudy Trindade/VIPCOMM
Sada Cruzeiro perdeu a decisão da Superliga para o RJX, equipe criticada pelo presidente Imagem: Rudy Trindade/VIPCOMM

Leandro Carneiro e Luiz Paulo Montes

Do UOL, em São Paulo

18/04/2013 12h15

Presidente do Grupo Sada, patrocinador master do Cruzeiro, vice-campeão da Superliga Masculina, o empresário Vittorio Medioli perdeu a paciência com alguns pontos relacionados à competição nacional e também com a Globo, emissora que detém os direitos de transmissão do campeonato.

Na última segunda-feira, o Blog Saque, do jornalista Daniel Bortoletto, do jornal Lance, publicou em primeira mão um e-mail enviado por Medioli à diretoria da CBV (Confederação Brasileira de Vôlei), no domingo, pouco após a derrota de sua equipe para o RJX. O UOL Esporte teve acesso ao mesmo conteúdo. 

No texto, o empresário detona a emissora carioca. Em uma primeira crítica, ressalta o problema das narrações omitirem o nome dos patrocinadores das equipes e, na maioria das vezes, chamá-los pelo nome das cidades que representam na Superliga, tanto nas transmissões em TV aberta como as de TV fechada. 

"Os times, por imposição de CBV/Globo, não possuem nome. Quem decide o nome ridículo do time é a rede que levou os direitos televisivos, sem pagá-los aos clubes. Pelo menos, pagasse para fazer o que quer!, mas é de graça", diz trecho do e-mail.

Outro ponto questionado é o calendário da competição. Atualmente, a Superliga é disputada em aproximadamente cinco meses, com a final em jogo único, em uma sede determinada em conjunto pela Globo e pela Confederação. 

"A final da Superliga se disputa em uma manhã de domingo. A grade não permite outra solução. A rede de tevê determinou, ponto final. No exterior, é melhor de 3 ou 5 jogos, aproveitando a importância da decisão para dar retorno aos patrocinadores e satisfação aos torcedores, vender camisas e dar visibilidade a quem investe", reclama.

UOL Esporte apurou que o e-mail não foi bem recebido pela CBV, mas foi analisado e colocado em discussão em uma reunião com os atletas e dirigentes, na última terça-feira, no Rio de Janeiro. Todos os envolvidos, porém, evitam comentar publicamente a questão, para não criar um debate polêmico e evitar possíveis rusgas.

Enquanto isso, a Globo, em comunicado enviado pelo departamento de comunicação ao UOL Esporte, falou sobre o espaço dado ao vôlei nesta temporada. "Desde 1972, a Globo transmite os jogos de vôlei e, em parceria com a CBV, a emissora planeja a cobertura da Superliga. Neste ano, transmitimos oito jogos, além de 15 horas de cobertura nos telejornais. No SporTV, foram exibidos mais de 100 jogos e, no Globo Esporte.com, mais de 400 matérias foram publicadas", afirmou a emissora.

A reportagem também procurou Vittorio Medioli, que disse não temer retaliações por parte da emissora e até mesmo da entidade máxima do vôlei brasileiro pelas críticas fortes que fez.  

"O que os clubes desejam  é a sustentabilidade de todos, também da parceria com a tevê. Essa é fundamental. Uma Superliga melhor, melhora também os negócios da tevê. O vôlei  precisa de organização e de formulas sustentáveis, que hoje faltam  no Brasil e até em muitos outros países. Retaliações? Isso não existe. Falei com Ary Graça e ele entende a necessidade de todos se unirem para um vôlei melhor. 

Leia a íntegra do e-mail enviado pelo dirigente à cúpula da CBV

A carta enviada é direcionada a Ary Graça, presidente da Federação Internacional e licenciado da CBV, e também ataca também clubes rivais. Especialmente RJX, equipe do bilionário Eike Batista, e Sesi/SP, por motivos financeiros. Segundo ele, os dois projetos, de R$ 17 milhões e R$ 12 milhões, respectivamente, 'abrigam' 11 jogadores de seleção brasileira. 

Medioli vai além, e diz que a verba utilizada pelo Sesi para manter a equipe é conquistada "por contribuição sindical compulsória, por força de lei,  inclusive da minhas empresas. Recursos destinados legalmente e estatutariamente ao amparo social e educacional dos trabalhadores e de seus filhos", diz o empresário, referindo-se ao fato de o Sesi ser uma entidade para prestar assistência social aos trabalhadores industriais.

"Lembremos que os clubes representam municípios, possuem torcidas bairristas apaixonadas, e o SESI chega nesses mesmos municípios para competir contra os times do coração dos trabalhadores das empresas, as mesmas empresas que contribuem para seus cofres. A meu ver não tem sentido! Seria como o SESI disputar com time próprio no futebol contra o Palmeiras e cobrar contribuição dos torcedores palmeirenses", disse, à reportagem.

"Depois de 4 temporadas de Sesi, o que sobrou? O RJX, com 50% mais de orçamento (!) do que o próprio SESI. Os atletas da seleção se dividem entre eles. A próxima Superliga já tem finalistas decididos e campeão garantido", escreve o dirigente, no e-mail enviado.

O longo texto critica o calendário da competição e diz que as equipes trabalham durante cinco meses no ano. Nos outros, apenas '12 atletas milionários', dos dois clubes citados, ficarão na ativa - referência à seleção brasileira.