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Michael diz que teve receio das consequências ao assumir ser gay

Michael, meio de rede do Vôlei Futuro, assumiu ser gay após polêmica na Superliga - Alessandro Iwata/VIPCOMM
Michael, meio de rede do Vôlei Futuro, assumiu ser gay após polêmica na Superliga Imagem: Alessandro Iwata/VIPCOMM

Luiz Paulo Montes

Do UOL, em São Paulo

30/04/2013 06h00

O pivô Jason Collins, que defendeu o Boston Celtics e o Washington Wizards na última temporada da NBA, tornou-se na segunda-feira o primeiro atleta em atividade em uma grande liga dos Estados Unidos a se assumir gay. No Brasil, porém, um outro atleta já havia chamado a atenção ao fazer isso.

Em 2011, Michael, meio de rede do Vôlei Futuro, admitiu sua homossexualidade após um polêmico episódio em que foi chamado de "bicha" por torcedores do Sada Cruzeiro durante partida da Superliga. Ele, porém, afirma que nada mudou após expor sua orientação sexual. E lembra que, na época, teve alguns receios por sua atitude.

"Eu sou muito grato por ter sido reconhecido pelo que fiz, por ter me assumido e ajudado a começar a quebrar este tabu. Na época, fiquei com receio de ter fechado portas, de ser hostilizado, de não terem gostado do que eu fiz. Mas tudo foi absolutamente de outro jeito, super positivo para mim. Não sofri mais preconceito, as pessoas me parabenizam pela atitude. Fiquei muito feliz com isso", afirmou o jogador ao UOL Esporte.

Michael evita se rotular de 'líder' do movimento para tentar acabar com o preconceito. Para ele, não seria necessário nem mesmo ter se assumido homossexual. Mas, para ajudar a classe LGBT, deu o primeiro passo, que ele define como 'um grão de areia', e cita até mesmo a cantora Daniela Mercury como outra famosa engajada na causa.

"O meu foi só um grão de areia, ainda temos que fazer muito para mudar, tem mais coisas a serem feitas. Infelizmente, a gente tem que dar a cara a tapa. A Daniela Mercury deu um passo também, um passo gigantesco. Sinceramente, não me vejo com ícone, líder, mas eu me propus a lutar por uma causa. Cada um tem que se sentir livre para fazer o que tiver que fazer", declarou o atleta, de 30 anos.

Dois anos após o caso que chamou a atenção do país, o meio de rede diz que, desde então, nunca mais foi alvo de preconceitos ou insultos, tanto por parte de torcedores rivais, quando de pessoas 'comuns', nas ruas dos locais por onde passa.

Em Birigui, sua cidade-natal, ele ficou mais famoso. Esta, aliás, é a única mudança que ele sentiu de verdade. O assédio aumentou, até mesmo pela alta exposição na mídia e pela repercussão que seu caso teve. 

"Na minha vida profissional e familiar, as coisas continuaram as mesmas. Assim, dentro do vôlei sempre souberam que eu sou gay.  É mais fora mesmo... Tudo continuou na mesma, mas agora todo mundo me conhece, infelizmente por um fato negativo", completou.