Há um ano no cargo, presidente da CBV é desconhecido até pelos atletas
Se não fosse por uma breve citação de um membro da CBV durante seu discurso, a presença do presidente da entidade, Walter Pitombo Larangeiras, na festa de lançamento da Superliga, passaria despercebida. De cabelos brancos e roupa social, o advogado evitou sair de seu lugar durante todo o evento na capital paulista, nesta quinta-feira, e manteve uma discrição.
Passar despercebido, aliás, é algo que o dirigente, conhecido como Toroca, tem feito há quase um ano, desde que assumiu o comando da Confederação Brasileira de Vôlei, em setembro do ano passado. Avesso a aparições públicas, discursos e entrevistas, Pitombo tem o perfil completamente oposto ao de seu antecessor, Ary Graça, que deixou o cargo para assumir a FIVB (Federação Internacional de Vôlei). Tamanha discrição faz ele ser desconhecido até por muitos atletas renomados do vôlei brasileiro.
Enquanto esteve à frente da Confederação, Ary não perdia a oportunidade de discursar em eventos como o lançamento da Superliga, sempre enaltecendo a presença de campeões olímpicos e mundiais no torneio. Desta vez a 'missão' coube a Renato D'Ávila, superintendente técnico da CBV. O presidente sequer subiu ao palco. Com alguns de seus pares sentados ao seu lado, aplaudiu o discurso e a cerimônia.
Abordado pela reportagem do UOL Esporte, inicialmente se recusou a dar uma entrevista, uma das poucas desde que virou presidente. Apontou para Renato D'Ávila, alegando que o superintendente poderia falar melhor sobre a entidade. Diante da insistência, concordou em falar brevemente, quando retornava do banheiro, em uma das raras vezes em que deixou sua mesa. Entre elogios à modalidade e à CBV, tentou explicar sua discrição.
"Sou muito reservado. Fui político em Alagoas e sou conhecido como uma pessoa muito reservada. Sou avesso a aparecer, dar entrevistas. Não condeno o Ary pelo jeito dele, acho que ele está certo em fazer isso, o vôlei, na realidade, precisa disso. Mas eu, como sou muito simples, procuro não aparecer muito", afirmou Toroca, alagoano de 79 anos.
Durante o evento, diversos atletas reconhecidos mundialmente desconheceram a presença do presidente da entidade no evento. Alguns disseram que sequer sabiam o nome de Toroca. Outros não sabiam o reconhecer pessoalmente. Houve até quem brincasse: "Mas o presidente não é o Ary Graça? Que eu saiba é ele quem manda, não é? (risos). Brincadeira! Mas não sei quem é o Toroca, não". Todos pediram, por questões óbvias, para não serem identificados.
"O presidente sou eu. O Ary não dá palpites, dá sugestões. E eu ouço, é evidente. Uma pessoa que fez o trabalho que ele fez na CBV, é evidente que eu tenho que ouvir, o bom senso manda que eu ouça ele e continue ouvindo o que ele tem a dizer", finalizou o dirigente, antes de retornar para seu lugar já no fim da festa em São Paulo.
Advogado, Toroca está na CBV há quase três décadas (ficou como vice-presidente de 1984 a 2012, quando Ary Graça assumiu a FIVB e ele 'herdou' o cargo). Além disso, comanda também a Federação Alagoana há 34 anos.
Em Alagoas, além de presidir por três vezes o CRB, um dos principais times do Estado, Walter Pitombo Larangeiras acumulou também cargos políticos. Durante muito tempo foi um dos maiores aliados do senador Renan Calheiros, e somou sete mandatos na Câmara Municipal de Maceió, além de ter sido eleito uma vez Deputado Estadual.
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