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"Velhinhas" do Brasília ganham cuidados para suportar toda a Superliga

Time do Brasília Vôlei tem veteranas como Paula Pequeno, Erika, Verê e Elisângela - Divulgação/Facebook BrasíliaVôlei
Time do Brasília Vôlei tem veteranas como Paula Pequeno, Erika, Verê e Elisângela Imagem: Divulgação/Facebook BrasíliaVôlei

Luiz Paulo Montes e Paula Almeida

Do UOL, em São Paulo

07/09/2013 06h00

O anúncio da criação do Brasília Vôlei foi uma das atrações da intertemporada do vôlei brasileiro. O time da capital federal terá em Paula Pequeno sua grande líder na disputa da Superliga 2013/2014, mas ao lado dela estarão outras veteranas de sucesso como Érika, Elisângela, Verê e a norte-americana Danielle Scott. E para fazer com que a experiência do grupo não dê lugar a uma série de lesões por conta da idade avançada das principais jogadoras, a comissão técnica do time já elaborou um esquema especial.

A ideia do técnico Sergio Negrão e seus assistentes, em acordo com o departamento médico e com toda a equipe de especialistas de saúde, é preservar suas estrelas ao máximo para poder contar com todas até o final da temporada. Como as atletas acima de 30 anos são maioria, as mais jovens entram na dança e também seguem o ritmo diferenciado.

“A intensidade de treinos diminui. O meu treino de ontem, por exemplo, demorou 1h15, porque eu estipulei um objetivo, elas alcançaram e eu terminei o treino. Elas saíram ‘só?’. E eu ‘sim, só’. Então são treinos mais curtos, mas muito intensos”, explicou Sergio Negrão ao UOL Esporte durante o lançamento da Superliga na última quinta-feira.

“O objetivo é economizar. É poupar joelho, poupar ombro, porque o que importa são os jogos. Elas ainda estão passando por avaliações, com efeito profilático, pra gente prever e antever qualquer tipo de lesão. Isso com todas, não só as mais velhas”.

A preocupação não é em vão. Das sete jogadoras que devem ser titulares do time na Superliga, cinco já passaram dos 30 anos, uma tem 29 e outra tem 26. A norte-americana Danielle Scott é a mais velha, com quase 41. Entre as reservas, a média de idade cai, mas apenas três das garotas ainda estão na casa dos 20. Caçulas do time, Patrícia, de 22, e Flavinha, de 23 anos, já jogaram em categorias de base da seleção brasileira e são vistas pelo Brasília como grande promessas.

Estrela da equipe, Paula Pequeno brinca ao falar da média de idade avançada do Brasília. “O Sergio está administrando muito bem. O treino é intenso e curto, porque se juntar todo mundo, dá 500 anos”, diverte-se a bicampeã olímpica. “É engraçado, porque é um time muito experiente, mas que tem jogadoras com muita saúde, com biotipo muito bom. O foco agora é aguentar o campeonato inteiro”.

  • Da esquerda para a direita: Verê, Elisângela, Dani Scott, Érika e Paula Pequeno têm 30, 35, 40, 33 e 31 anos, respectivamente. Brasília Vôlei ainda conta com Eli Paulino (33), Camila Adão (29), Ju Maranhão (27), Viviane (26), Flavinha (23) e Patrícia (22)

Primeira contratada do time, que tem como supervisoras as ex-jogadoras da seleção Leila e Ricarda, Paula se mostra bastante envolvida com o novo projeto. A ponteira, identificada ainda mais com o time por ser natural de Brasília, chegou a ter atuação semelhante à de uma dirigente, ajudando a convidar outras jogadoras e participando das reuniões com a direção para melhorar a estrutura à disposição do grupo.

“Eu estava de férias e surgiu uma ligação do Sergio Negrão falando do projeto. Eu tentei separar totalmente o lado profissional do pessoal. E consegui. Dei muita prioridade ao lado profissional porque eu sempre joguei em time grande e eu não queria fugir disso. Como tinha Leila, Ricarda e Sergio Negrão por trás, eu vi que era uma coisa profissional, porque são pessoas do ramo, pessoas que entendem, pessoas muito responsáveis. Foi um desafio que eu aceitei pela minha cidade”, explicou a atacante. “O que eu participei muito foi nas reuniões. Quando convidavam alguém, me consultavam. Uma relação de amizade e confiança. Uma coisa nova, uma responsabilidade a mais, mas uma responsabilidade boa”.

No elenco, o discurso unânime é de cautela e incerteza quando se questiona qual o resultado que o Brasília espera alcançar em sua primeira Superliga.

“Acho muito cedo para imaginar onde a gente vai chegar. Quando a gente olha uma escadaria alta, se a gente não olhar os degraus um por um, a gente pode tropeçar. No decorrer do campeonato, a gente consegue idealizar alguma coisa”, resume Paula Pequeno.