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Leila vira cartola e exalta apoio do 'maridaço' Emanuel para não desistir

Leila, diretora do Brasília Vôlei, discursa durante visita do time a uma escola da cidade - Divulgação/Facebook VôleiBrasília
Leila, diretora do Brasília Vôlei, discursa durante visita do time a uma escola da cidade Imagem: Divulgação/Facebook VôleiBrasília

Luiz Paulo Montes e Paula Almeida

Do UOL, em São Paulo

09/09/2013 06h00

Se na Superliga masculina 2013/2014 o Moda Maringá contará com o presidente/jogador Ricardinho, no torneio feminino um outro time estreante também terá uma ex-atleta no comando. Detentora de dois bronzes olímpicos em quadra, Leila é uma das dirigentes do Brasília Vôlei, que conta com nomes como Paula Pequeno, Érika e Dani Scott. Mas para assumir pela primeira vez uma função de dirigente, a ex-oposta revela que está precisando combater a ansiedade dos tempos de esportista e equilibrar o trabalho com a vida pessoal.

Leila está casada há 10 anos com o campeão olímpico de vôlei de praia Emanuel e tem com o jogador um filho de três anos, Lukas. Em entrevista ao UOL Esporte, a ex-oposta contou que quase desistiu do trabalho em Brasília quando viu que estava interferindo na vida da família. Para conduzir o projeto, ela partiu para a capital federal com o filho, enquanto Emanuel permaneceu no Rio de Janeiro – embora fique a maior parte do ano viajando pelo Circuito Mundial

“Ele [Lukas] sentiu bastante, deu uma regressão, sentiu muito. Em alguns momentos, eu quase voltei por ele, porque eu mexi muito na vida do meu filho e do meu marido, me senti culpada. O Emanuel sentiu muito a nossa ausência, eu também senti, mas acho que o grande barato da vida é isso aí, é você, aos 40 anos, sair da zona de conforto e enfrentar o desafio”, confidenciou uma das musas do vôlei brasileiro na década de 1990.

“Graças a Deus eu tenho um maridaço. Cada dia que passa, meu marido me mostra que ele é meu grande companheiro de vida. Desde o primeiro dia que eu fui pra Brasília, que eu quis montar um time, ele me falou ‘você é louca, mas tô do seu lado, quero ver você feliz’. Então ele me apoia em tudo”, contou ela. “A gente sabe das dificuldades de cada um agora, ele projetando o Rio-2016, eu como dirigente e trabalhando com a área social envolvendo o voleibol. Mas apesar de ainda estar tudo de cabeça pra baixo, eu tenho fé que daqui a alguns dias eu vou conseguir me organizar”.

Embora já tivesse a intenção de criar uma equipe em Brasília, sua terra natal, Leila só esperava colocar o projeto em prática daqui a dois anos. No entanto, um empurrãozinho do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, acelerou os planos dela e da parceira Ricarda, que também foi jogadora.

  • Roberto Filho/Agnews

    "Cada dia que passa, meu marido me mostra que ele é meu grande companheiro de vida", diz Leila sobre Emanuel

A pressa levou a ex-atacante a aventurar-se como dirigente sem ter se preparado para tal função. “A coisa foi simplesmente acontecendo. Eu não entendia nada de como funcionava, e na verdade eu contei com a generosidade de muitas pessoas e com o sonho de uma ex-atleta. Aí eu fui pulando etapas, e a gente conseguiu montar uma equipe em 50 dias. Mas foi muito trabalho. Eu estava falando para os meus amigos que eu envelheci cinco anos em cinco, mas valeu a pena cada noite mal dormida”, brincou Leila, que ainda luta contra a ansiedade para se adaptar ao trabalho.

“Eu ainda tenho um pouco de espírito de atleta. Por ser muito competitiva, quero tudo de imediato, mas você vê que do outro lado é outra coisa”. Mentor do projeto e técnico do time, Sergio Negrão reitera que esse é o principal ponto a ser melhorado por Leila. “Ela é uma dirigente fantástica, ainda é um pouco ansiosa, quer tudo para agora, mas tudo tem seu timing”.

Embora esteja atuando como cartola, Leila explica que sua principal preocupação é com a transformação social que o esporte pode provocar. Por isso, além de cursar Ciências Sociais na faculdade, ela coordena atividades do Brasília Vôlei com crianças da cidade.

“Fui pelo desafio, pelo idealismo, para trabalhar na área social, para massificar o voleibol como uma ferramenta, gosto muito da área social. Acho que tem muita coisa para se trabalhar nisso. A gente faz um trabalho social muito forte, a gente visita as escolas, e elas [jogadoras] entenderam a ideia, elas têm um dever social. Então eu me encontrei”.