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Crítica de Sheilla irrita CBV e gera crise no vôlei campeão olímpico

Sheilla reclama de viagem da seleção brasileira feminina ao Peru em classe econômica  - Reprodução/Instagram/sheillacastro
Sheilla reclama de viagem da seleção brasileira feminina ao Peru em classe econômica Imagem: Reprodução/Instagram/sheillacastro

Luiz Paulo Montes

Do UOL, em São Paulo

16/09/2013 06h00

Bicampeã olímpica, a oposto Sheilla surpreendeu neste domingo ao criticar abertamente a CBV (Confederação Brasileira de Vôlei), que disponibilizou passagens na classe econômica para a seleção brasileira viajar para o Peru, onde disputará o Sul-Americano a partir de quarta-feira. 

As críticas, endossadas por outras jogadoras, como Thaísa e Fabiana, não caíram bem na entidade. Membros da entidade procurados pelo UOL Esporte mostraram-se irritados com a exposição pública, que trataram como 'desnecessária'.

"Essa é uma situação que tem que ser resolvida internamente, não tem que sair publicando em rede social. Roupa suja se lava em casa, não tem que convidar fãs e torcedores para comentarem o assunto", afirmou uma pessoa influente, que pediu para não ser identificada. 

As três jogadoras, presentes nas conquistas dos Jogos de Pequim-2008 e Londres-2012 ficaram inconformadas com o fato de não terem viajado na classe executiva, parte de um acordo entre entidade e jogadoras. Na tratativa, todas as campeãs olímpicas viajam na classe executiva, mais confortável para elas, que são altas (quase todas passam de 1,80m - Thaísa e Fabiana, no caso, têm mais de 1,90m). O mesmo acordo vale para a seleção masculina.

A CBV, em nota enviada à imprensa neste domingo, retrucou as críticas e afirmou que o bônus, de fato, existe, mas é válido somente para viagens intercontinentais - uma ida ao Peru, portanto, não estaria inclusa. Sheilla, tão logo soube da resposta, e mais uma vez usou as redes sociais para retrucar a entidade.

"Última vez que viemos ao Peru foi de executiva, temos comprovante do vôo!!!", postou a oposto, em sua conta no Twitter.

Através de sua assessoria, Fabiana, que é capitã da seleção, falou em "vergonha" para definir a situação. A central, inclusive, sugeriu que a entidade reveja alguns conceitos na administração. 

"Nós resolvemos falar, pois se não eles vão achar que está tudo muito bom e tudo muito lindo. Só que não é bem assim, é uma vergonha nos tratarem desta forma depois de tudo que fazemos com a camisa do Brasil. Eles tem que rever alguns conceitos".

Internamente, há quem diga que isso não teria acontecido quando Ary Graça era presidente da CBV - ele deixou o cargo no ano passado e assumiu o comando da Federação Internacional. O responsável direto pelas seleções, no entanto, é Paulo Márcio, superintendente de seleções da CBV. A reportagem, por meio da assessoria de imprensa da entidade, tentou contato com o dirigente, mas recebeu uma nota oficial como resposta.

Há quem diga, também, que as atletas resolveram expor publicamente a reclamação por estarem insatisfeitas com algumas situações na CBV, e que o fato de viajarem em classe econômica foi a "gota d'água que transbordou o copo", como relatou um dirigente. Um dos motivos de insatisfação seria a blindagem das jogadoras ao atual presidente, Walter Larangeiras, o Toroca, que pouco aparece e não tem relação com atletas e dirigentes, 'terceirizando' as conversas para os responsáveis pelos departamentos.

O UOL Esporte tentou contato com Sheilla, mas a oposto preferiu não mais se manifestar sobre as críticas, alegando que a partir de agora o foco é o Sul-Americano, que começa nesta quarta-feira.