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Nuzman diz que CBV deve prestar contas à sociedade

Nuzman é presidente do COB e comandou à CBV de 1975 a 1995 - Davi Ribeiro/Folhapress
Nuzman é presidente do COB e comandou à CBV de 1975 a 1995 Imagem: Davi Ribeiro/Folhapress

Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro*

13/03/2014 13h34

Em meio denúncias de irregularidades em contratos de patrocínios na CBV (Confederação Brasileira de Vôlei), o presidente do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), Carlos Arthur Nuzman, cobrou que a entidade preste contas à sociedade brasileira. Nuzman presidiu à CBV de 1975 a 1995. Afirmou que o vôlei brasileiro é um exemplo de profissionalismo para o mundo e que esse exemplo precisa ser mantido.

“Aos atletas, aos técnicos e ao povo, tudo deve ser explicado”, afirmou nesta quinta-feira Nuzman, ao ser questionado sobre a CBV. “É preciso prestar conta à sociedade. O voleibol brasileiro se tornou um exemplo de conquistas e resultados. O exemplo tem que ser mantido.”

De acordo com reportagens divulgadas pela ESPN, dois ex-dirigentes da CBV --Marcos Pina e Fábio André Dias Azevedo-- receberam R$ 10 milhões cada para intermediar contratos de patrocínio da entidade com o Banco do Brasil. Após a divulgação da reportagem, Pina deixou a superintendência geral da CBV e a entidade anunciou uma auditoria.

Nuzman disse que essa apuração é fundamental. Segundo ele, as denúncias sobre a CBV são preocupantes. “As nossas preocupações são grandes. Nem podiam ser diferentes”, afirmou. “Os fatos devem ser apurados. Não deve ser deixado de apurar nada.”

Ele evitou falar sobre possíveis perdas de patrocínios ou aportes de verbas públicas à CBV. “Estamos numa etapa [de investigação], que precisa ser cumprida. Depois, as decisões serão tomadas.”

Assembleia convocada

As suspeitas contra a CBV ganharam repercussão na semana em que a entidade realiza uma assembleia geral, para a qual foram convocados todos os presidentes de federações estaduais do esporte. O evento ocorre nesta sexta-feira, em João Pessoa (PB). As denúncias contra a confederação também devem debatidas.

"Com certeza, haverá espaço para manifestações a respeito dessas denúncias", disse o presidente da Federação Gaúcha de Volley-ball, Carlos Alberto Cimino, que estará em João Pessoa na sexta. "É preciso que tudo seja esclarecido e, acima de tudo, que o voleibol seja preservado."

Cimino descartou a possibilidade de federações exigirem uma mudança urgente na cúpula da CBV devido às suspeitas. Apesar disso, afirmou que acredita que os últimos fatos abrem a possibilidade para que federações participem mais da administração da confederação. "Eu mesmo vou defender a criação de uma comissão de presidentes de federações para acompanhar a apuração dessas denúncias", complementou.

A maior participação das federações na CBV também é uma ideia defendida por Sérgio da Fonseca Júnior, presidente Federação de Vôlei do Distrito Federal. Em entrevista ao UOL Esporte, ele disse que a criação de um comitê gestor para a CBV, com quatro ou cinco presidente de federações, seria positiva.

Fonseca Júnior rechaçou as denúncias contra a CBV. Disse que acredita que tudo o que vem sendo divulgado sobre entidade é mentira e faz parte de um jogo de disputa pelo poder. Mesmo assim, ele defende que toda suspeita seja apurada à exaustação. "Apoio a auditoria nas contas", disse.

O presidente da Federação Cearense de Vôlei, Ronald Nepomuceno Lucena, também disse que é preciso apurar a fundo todas as denúncias antes de qualquer atitude sobre a gestão da CBV. Ele ressaltou, porém, que a assembleia geral da entidade vem em boa hora pois vai colocar um limite de mandatos a presidentes, o que pode ter sido a causa de desmandos na CBV. "Se realmente houve alguma irregularidade, ela pode ter sido causado por esse excesso de anos de um único presidente no poder", disse Lucena.

Vale lembrar que o ex-presidente da CBV, Ary Graça, administrou a entidade de 1997 ao final de 2012, época em que os contratos suspeitos foram assinados. Para Lucena, se há irregularidades na CBV, "isso é um herança da época de Ary".

*Atualizada às 17h15

ENTENDA AS DENÚNCIAS SOBRE A CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE VÔLEI