Topo

Já viu disco voador? A seleção masculina de vôlei pode falar sobre isso

José Ricardo Leite

Do UOL, em Katowice (Polônia)

30/08/2014 06h00

O Mundial masculino de vôlei se inicia neste sábado em um estádio de futebol para 58 mil pessoas, com Polônia x Sérvia, único jogo que será feito no local capacidade para 58 mil pessoas. Mas não passar por lá não deixará a seleção brasileira sem nobreza na competição. Isso porque fará sua participação na primeira fase, e possivelmente em todos os jogos até uma eventual decisão, em um “disco voador”.

Ela pode não ter os misteriosos extraterrestres e obviamente não voa, mas a Spodek Arena, em Katowice, foi construída no formato redondo e achatado como são conhecidos tradicionalmente os ovinis e até o seu nome, em polonês, significa o disco.

O ginásio com capacidade para 11 mil pessoas é o mais tradicional do país do Leste Europeu e também maior ponto de referência da região da Silésia, sul do país, cuja capital é Katowice. Foi a escolhida para a partida decisiva, no dia 21, e costuma dar sorte para o Brasil.

A Spodek Arena já abrigou duas decisões da Liga Mundial, ambas com títulos do time comandado por Bernardinho, em 2001 e 2007. Se ficar em primeiro ou segundo lugar em sua chave na primeira fase e liderar a segunda fase, só jogará nela do começo ao fim.

Ela foi construída em 1971, tempos em que a Polônia ainda era comunista e vivia sob o famoso regime da “Cortina de Ferro”, em que os países socialistas só mantinham relações entre si.

A arquitetura da construção tinha como intuito passar a ideia de modernidade e simbolizar a cultura e capacidade da crescente região da Silésia. Tanto é que foi colocada bem no centro da cidade. A obra, na verdade, começou em 1955, mas em função das dificuldades da época só foi terminar 16 anos depois após várias paralisações por erros no projeto.

Desde então, virou a principal casa polonesa para esportes indoor, como vôlei e hóquei no gelo, os dois preferidos em ginásios, e também para feiras e shows musicais. Por lá já passaram músicos como a cantora Tina Turner e a banda de rock Metallica, por exemplo.

De lá pra cá viu algumas reformas, a última delas hás três anos, com custo de aproximadamente 16 milhões de euros, com a colocação de ar condicionado e um telão de led do lado de fora. Nos dias que antecedem o Mundial, rodam o tempo todo imagens de partidas de vôlei da seleção polonesa como convite para acompanhar os jogos.

Só que a beleza estética do telão e das várias luzes coloridas durante a noite não conseguem esconder que a “nave” já está um pouco caduca. Por fora, é perceptível o material feito com pedras e mármore muito antigos, e muitas partes sinalizam desgaste. Por dentro, algumas cadeiras são de madeira.

Há um ano, um jogo da Polônia na Liga Mundial foi atrasado em função de goteiras que caíram no local. Os reparos foram feitos para que o ginásio “quarentão” receba a final do Mundial desse ano.

A Spodek parece ter conseguido despertar na população uma sensação de orgulho da cidade. Ela chama a atenção de longe e os cidadãos de Katowice enchem o peito quando perguntados sobre ela.

“É o cartão postal símbolo da cidade e também que a movimenta quando temos partidas de vôlei ou outros esportes. Especialmente quando joga a seleção polonesa por aqui. É a nossa atração, para onde sempre vamos em busca do entretenimento. E é bem bonita, não?”, falou Maria i Krzysztof, 56 anos, que comprava bilhetes ao lado da filha, de sete anos.

O Brasil estreia no Mundial de vôlei na próxima segunda-feira, às 8h (horário de Brasília), contra a seleção da Alemanha. Cuba, Finlândia, Coreia do Sul e Tunísia completam o Grupo B. Os quatro primeiros colocados avançam para a segunda fase.