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Brasil quer superar trapalhada de sorteio, regra alterada e lesões no vôlei

José Ricardo Leite

Do UOL, em Lodz (Polônia)

15/09/2014 15h58

Melhor equipe do Mundial masculino de vôlei até agora, a seleção brasileira tem que superar a preocupação de alguns jogadores que se recuperam de lesão e também os perrengues que a confusão do sorteio e regulamento lhe impuseram para enfrentar a Polônia, na terça-feira, às 15h25 (horário de Brasília).

O duelo contra os anfitriões marca a estreia da equipe de Bernardinho na terceira fase, em que apenas duas seleções de cada triangular final se classificarão para as semifinais.  Um dia depois, o jogo será contra rival Rússia, no mesmo horário.

Nos dois jogos a equipe pode ficar sem seu jogador mais experiente, o ex-capitão Murilo, que teve constatado nesta segunda-feira um estiramento na coxa direita. Ele teve que sair no decorrer do quarto set na vitória por 3 a 1 sobre a Rússia, domingo. Além dele, Wallace, que torceu o tornozelo esquerdo, pode ser poupado. Ambos fizeram apenas movimentos leves no treino de reconhecimento da Atlas Arena, em Lodz e são dúvidas para o jogo de terça.

Caso a dupla fique de fora, Lipe deve ocupar a vaga de Murilo, e Leandro Vissotto a de Wallace. Já o central Sidão, que também deixou o duelo contras os russos para se preservar das dores que têm no joelho, treinou normalmente nesta segunda-feira e deve jogar contra os poloneses.

“O Wallace melhorou de ontem pra hoje, mas o Murilo mais difícil. O Wallace é pouco provável, seria esse o termo. E o Sidão não deve ser preocupação. Vamos esperar mais 12 horas pra ver a evolução do quadro. O Murilo talvez tenha feito sua melhor partida contra a Rússia e sentiu. É uma pena. Em um momento que começou a se tornar efetivo no ataque”, falou o técnico Bernardinho.

Se não bastasse os problemas físicos em função do desgaste dos nove jogos que a equipe teve até agora, o sorteio que definiu a terceira fase prejudicou o time por uma mudança na tabela que atrapalhará na recuperação dos jogadores.

Como primeiro colocado do Grupo F da segunda fase, o Brasil deveria jogar na terça e quinta-feira, pelo que estava previsto na tabela. Mas, depois que a Polônia foi sorteada para sua chave, o time dono da casa foi quem ficou com a regalia de fazer sua partida na terça e depois quinta-feira, tendo um dia de descanso entres seus jogos.

Assim, o Brasil acabou tendo que pegar poloneses e russos dois dias seguidos, na terça e quarta, sem dia de descanso. Sendo assim, Murilo e Wallace podem voltar só em uma eventual semifinal. Demonstrando até certa tranquilidade na expressão, o técnico Bernardinho registrou as críticas ao que entende que prejudicou muito sua seleção.

“Por que escolheram a Polônia jogar em dias alternados? Foi uma pequena vantagem de algo que não foi respeitado. Estamos sempre falando, mas o que é certo é certo. Vou sempre dizer o que penso. Tentei entrar em contato e disse que entendo e não concordo. Vamos jogar, mas está errado. Isso está errado e mais uma vez passam por cima do que está escrito. Nos tiraram um direito”, falou o comandante.

“O que foi determinado não está sendo combinado. Vamos jogar duas partidas direto, sem descanso, com jogadores contundidos. Acho que isso é mais uma vez uma grande trapalhada da federação em relação aos regulamentos”, continuou.

Apesar do protesto, o treinador salientou que, independentemente do erro e do protesto, o ambiente tem que seguir positivo e confiante para os próximos duelos. “Mas não posso contaminar os jogadores, estou apenas dizendo que está errado e ponto. Se a palavra foi dada, tem que ser honrada. Ao ser escrita, então, tem que valer muito mais. Eles rasgaram o regulamento. Mas não podemos colocar isso como um álibi, alguma coisa desse tipo. É errado, mas é o que é e vamos ter que jogar dessa maneira. Vamos recuperar os jogadores e pegar uma embalada Polônia, grande equipe e hora do mata-mata.”

Além da mudança na tabela, outra confusão mal explicada fez com que o Brasil caísse em um grupo mais forte. De acordo com o regulamento, cada um dos dois triangulares deveria ser formado por times classificados como primeiro, segundo e terceiro colocados na fase anterior.

Ocorreu que os segundo e terceiro colocados foram colocados em um mesmo pote, e o grupo brasileiro acabou sendo sorteado com dois segundo colocados de chave (Rússia e Polônia). Já o da França ficou com dois terceiros, Alemanha e Irã.