Topo

Brasil busca controlar os nervos em clássico para continuar vivo no Mundial

José Ricardo Leite

Do UOL, em Lodz (Polônia)

17/09/2014 06h00

Depois de uma campanha impecável e nove vitórias consecutivas, o Brasil tem menos de 24 horas para dar a volta por cima de seu maior teste emocional no Mundial masculino de vôlei. A seleção brasileira enfrenta a Rússia às 15h25 (horário de Brasília) com a obrigação de vencer para seguir viva no torneio. Para isso, precisa colocar os nervos no lugar e esquecer o revés amargo diante da Polônia e o prejuízo sofrido no sorteio e na mudança de tabela da competição. 

Durante a derrota para a Polônia, o Brasil chegou a ter momentos nervosos e tensos, o que não vinha acontecendo até então no torneio, mesmo em outras situações de dificuldade. Discussão de jogadores com árbitro e com o rival Kubiaki, que provocou muito durante o jogo, e também a irritação pelo fato de o ponto decisivo da vitória dos donos da casa ter sido validado depois de o árbitro voltar atrás e não mostrar a imagem que resultou na mudança do que tinha marcado.

No momento em que o então ponto brasileiro foi retirado e dada a vitória para o rival, nada foi mostrado. Depois de muito protesto e do fim do jogo é que a imagem foi divulgada, e o árbitro estava certo depois de ver um toque de Sidão no bloqueio em um ataque polonês.

Depois do jogo, somente Lucarelli e Wallace falaram. Bernardinho não foi para a coletiva ao alegar que o time tinha pouco tempo de recuperação para o duelo contra os russos. “A partir do quarto set, entramos na pilha deles. Eles começaram a fazer gracinha, provocar, ficamos meio p...”, disse Lucarelli ao Sportv.

Wallace disse que agora é hora de tirar forças pensando que o fato de existir uma nova partida que dá chance é um alento. “Temos que fazer isso (pensar de forma positiva pela chance que há), não há outra opção e escolha. Agora sim não tem jeito, é ganhar ou ganhar, se não é casa. Eu, particularmente, não me vejo indo embora antes de ser campeão mundial. Vai ser uma conquista muito importante pra mim. Vamos fazer o nosso bem feito e esperar o que pode acontecer”, falou Wallace.

Na segunda, Bernardinho, sem demonstrar grande irritação e alteração de humor, reclamou da mudança de tabela que prejudicou o time. Mas, na mesma conversa, alertou que o clima teria que ser positivo e isso e não poderia contaminar o grupo.

Nesta quinta, o treinador e o grupo deverão focar na questão motivacional para que o grupo não perca o foco no duelo contra a Rússia, time batido pelos brasileiros no domingo e meses atrás pela Liga Mundial, ambos por 3 sets a 1.

É possível que Murilo, que tem um estiramento na coxa direita, jogue no sacrifício. Wallace, que vinha de uma torção no tornozelo esquerdo, não estava 100% no duelo contra os poloneses e também deve ir sem suas totais condições.

Somente os dois primeiros do triangular avançam, e só uma vitória por 3 a 0 ou 3 a 1 sobre os russos dão a vaga de forma direta. O Brasil foi o único time que nas duas primeiras fases venceu suas nove partidas. Mas isso de nada adianta neste triangular final, já que os critérios de desempate de vitórias, set average e pontos se resumem somente à terceira fase.

Russos com mistério e “baleados”

Os russos, um dos mais tradicionais rivais do país tricampeão mundial de vôlei, vinham levando a melhor desde a virada na final da Olimpíada de Londres até o ano passado. Mas, este ano, o Brasil ganhou por 3 a 1 na Liga.

No último domingo, novamente um 3 a 1 com o Brasil se impondo com relativa facilidade. A partir do terceiro set, o Brasil encontrou relativa facilidade no jogo depois que o oposto Moroz torceu o tornozelo e teve que sair de maca.

O grande problema é que o titular da posição, Pavlov, nem tinha sido relacionado para a partida porque se recuperava de uma lesão na panturrilha. Sendo assim, ficaram sem nenhum jogador para esta posição no jogo.

Ao contrário do Brasil, que divulgou a situação clínica de seus lesionados (Murilo e Wallace), os russos fazem mistério quanto à continuidade de seus dois únicos especialistas para a posição no torneio. No sábado, um dia antes do primeiro jogo contra o Brasil, o técnico Andrey Voronkov foi questionado sobre a situação de Pavlov e demonstrou incompreensível irritação com a pergunta.

Existe o rumor de ele estar sem condições de jogar até o final do torneio, mas a Rússia segura a informação e não divulga uma linha sequer. Tampouco sobre o quadro clínico de Moroz é divulgado. Jogar “remendado” com um outro jogador na função complicará demais a vida dos russos.

“Perdemos um jogador no jogo de hoje (domingo) e não sabemos seu estado de saúde e se jogará as próximas partidas.” Foi a única coisa que o treinador falou durante o fim de semana sobre os lesionados.