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Murilo vira salvador, deixa frieza de lado e mostra face "quente" à Rússia

Murilo retornou à seleção após desfalcar a equipe na derrota contra a Polônia - Divulgação/FIVB
Murilo retornou à seleção após desfalcar a equipe na derrota contra a Polônia Imagem: Divulgação/FIVB

José Ricardo Leite

Do UOL, em Lodz (Polônia)

17/09/2014 18h58

A derrota para a Polônia por 3 sets a 2 na terça-feira com um show de erros de passes e recepções fez com que o ponteiro Murilo ganhasse quase que status de “salvador” para o jogo desta quarta, contra Rússia, em que uma derrota eliminaria o Brasil do Mundial de vôlei.

Lipe, seu substituto naquela partida, foi quem mais pontuou, mas por seu estilo ofensivo não conseguiu suprir a qualidade no fundamento em que o ex-capitão da equipe é uma referência. Mesmo sem estar 100% recuperado de um estiramento na coxa direita, foi para o sacrifício contra os russos.

No jogo, Murilo cumpriu tudo que se esperava. Amortecia as bombas russas no saque com facilidade e distribuía as bolas para os companheiros com tanta tranquilidade que o jogo nem parecia tão decisivo. Até no ataque foi bem. Virou quatro das cinco bolas. Depois dos 3 a 0 sobre os russos e da vaga para a semi garantida, sem nem serem questionados os companheiros já falavam seu nome.

“A pressão estava grande, mas com a volta do Murilo a gente pôde jogar com o passe na mão e facilitou a vida dos atacantes, a presença dele é fundamental pra toda a equipe. O time conseguiu jogar como vinha jogando”, falou o oposto Leandro Vissotto.

Mesmo sem estar 100% recuperado, falou que praticamente “impôs” sua escalação, no bom sentido, claro, sem desrespeitar o técnico Bernardinho. “Não tinha opção de barrar. Eu falei: ´Bernardo,preciso estar dentro´. A decisão de me colocar de titular foi dele. Eu não podia sofrer do banco, ficar olhando”, falou o ex-capitão da equipe. “Eu sabia que seria importante na defesa.”

Murilo, 33 anos, é o jogador mais experiente da seleção e o único que participou das conquistas dos últimos dois Mundiais. É quase que um termômetro da equipe em termos de temperamento. Procura falar mais reservadamente e baixo, sem tantas caras, bocas, gritaria e gestos mais fortes.

Mas, nesta quarta, ele estava diferente. Vibrando mais do que o normal. Não estava no “padrão Lipe ou Bruninho” de incendiar o elenco, mas visivelmente mostrava ter algo a mais dentro de si na questão emocional. Foi o responsável pelo 24º ponto no terceiro set ao bloquear o falastrão Spiridonov. Vibrou muito.

“Tenho que ser vibrante o jogo todo. Eu me cobro muito isso pra ser mais desse jeito. E hoje tinha que gastar voz, perna, deixar tudo em quadra e não levar para casa”, falou, aliviado, ao lembrar que derrota seria desclassificação.

“Agora, menos de 24 horas do jogo contra a Polônia, tínhamos que ganhar da Rússia. Demonstramos força. Nosso time é forte”, continuou.

O time verde e amarelo voltou a quadra menos de 24 horas depois de ser derrotado pela Polônia em um desgastante jogo de cinco sets e 2h16min de duração. Caso perdesse para os russos, o time de Bernardinho estaria fora do torneio.

A última vaga será definida na quinta, às 15h45 (horário de Brasília), entre os arquirrivais Polônia e Rússia. Quem vencer está classificado. O Brasil volta a jogar no sábado, em horário ainda indefinido, já que precisa esperar o outro resultado do grupo. O adversário na semi pode ser França, Alemanha ou Irã, que decidem o outro triangular.